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Workshop da Qualidade do Algodão é encerrado com inauguração de Escola de Beneficiamento

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Workshop da Qualidade do Algodão é encerrado com inauguração de Escola de Beneficiamento
(Foto: Assessoria)

Cerca de 240 pessoas participaram do VI Workshop da Qualidade do Algodão, realizado pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) por meio do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) no Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Núcleo Regional Sul, em Rondonópolis (210 km de Cuiabá). O evento, que reuniu representantes de diversos elos da cadeia produtiva do algodão, marcou a inauguração da Escola de Beneficiamento do Algodão (a única do gênero da América Latina) e a assinatura de um termo de cooperação com a Case IH para a capacitação e treinamento da mão de obra utilizada no setor.

[featured_paragraph]”Não usamos toda a tecnologia que a indústria nos oferece por falta de trabalhadores qualificados. Hoje é um dia histórico: conseguimos reunir produtores de várias regiões de Mato Grosso, representantes da indústria de diversos estados brasileiros e de agentes que atuam na comercialização da fibra para debater qualidade do algodão e o futuro da cotonicultura”, afirmou Alexandre Schenkel, presidente da Ampa e do IMAmt. Junto com Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH, Schenkel assinou o Termo de Cooperação e, em seguida, ambos descerraram a placa de inauguração da Escola de Beneficiamento ao lado de Milton Garbugio, vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e Alexandre De Marco, presidente do Núcleo Regional Sul da Ampa.[/featured_paragraph]

A solenidade de descerramento, que também reuniu José Altino Comper, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex), Alvaro Salles, diretor executivo do IMAmt, e o ex-governador de Mato Grosso, Rogério Salles, encerrou o Workshop da Qualidade do Algodão, que teve um formato diferente em sua sexta edição anual. Pela primeira vez, o evento foi realizado fora da capital, encerrando a Jornada da Qualidade, que levou dirigentes e representantes de 30 empresas convidadas – dos setores de agronegócio, da indústria têxtil e de energia, de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Sergipe, Ceará e Bahia – e corretores de algodão a visitarem uma lavoura de algodão, usina de beneficiamento, um laboratório de classificação de fibra e uma indústria de fiação nas regiões de Chapada dos Guimarães, Campo Verde e Primavera do Leste na terça-feira (dia 4).

“Este é o Brasil que está dando certo. A Jornada da Qualidade e esse Workshop são uma grande oportunidade para que nos aproximemos mais dos produtores e para que um conheça melhor as dores do outro”, comentou José Altino Comper, presidente do Sintex. A esse grupo maior se juntou a comitiva formada por produtores dos municípios de Lucas do Rio Verde, Tapurah e Sorriso (Núcleo Regional Norte), que atendeu ao convite da Ampa e do IMAmt para percorrer os núcleos regionais Centro, Centro Leste e Sul e participar do VI Workshop da Qualidade do Algodão.

“Achei a experiência fantástica. É muito bom ter essa abertura, essa troca de experiência para sabermos onde podemos melhorar para produzirmos com qualidade”, afirmou Luimar Gemi, presidente do Sindicato Rural de Sorriso, que retomou o cultivo do algodoeiro na safra 2017/18 depois de 16 anos dedicando-se apenas a outras culturas. Gemi contou que não tinha conhecimento anterior sobre a classificação de fibra e se mostrou especialmente impressionado com a possibilidade de treinamento de seus colaboradores na Escola de Beneficiamento do Algodão.

Quatro estações – A exemplo do que ocorre em dias de campo, o VI Workshop da Qualidade do Algodão foi dividido em quatro estações e os grupos de visitantes se revezavam para receber informações sobre diferentes aspectos relacionados ao tema: da importância da escolha da variedade a ser plantada na lavoura a questões ligadas ao tingimento e ao conforto das roupas, passando pelos cuidados necessários no beneficiamento para evitar problemas como o alto percentual de fibras curtas.

Na primeira estação, o consultor do IMAmt Sérgio Dutra fez um breve histórico do Programa da Qualidade do Algodão desde sua criação em 2012, e enfatizou a importância do intercâmbio de informações com os representantes da indústria têxtil para conhecer as suas demandas. “Fazemos um trabalho de mão dupla. Visitamos nossos clientes em suas empresas e os recebemos aqui para mostrar nossos cuidados com a produção, o beneficiamento e a classificação da matéria-prima”, afirmou Dutra. O Workshop da Qualidade é parte do programa, desenvolvido com apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

Nessa mesma estação, o pesquisador Jean Louis Belot, melhorista do IMAmt e coordenador dos programas de Qualidade do Algodão e de Melhoramento Genético, falou sobre o índice de fibras curtas (Short Fibre Index), que foi uma das principais preocupações apontadas por clientes estrangeiros na Missão Compradores realizada em Mato Grosso e outros estados produtores de algodão na semana passada. Belot abordou outras questões como pegajosidade e lembrou que a qualidade da fibra depende não só da genética da planta (da escolha da variedade), mas também de outras variáveis como condições climáticas e do manejo da cultura. O pesquisador enfatizou, contudo, que o beneficiamento é uma etapa fundamental para se atingir a qualidade exigida pelos mercados doméstico e internacional e, nesse contexto, destacou a importância da inauguração da Escola de Beneficiamento de Algodão.

Dotada de maquinário e tecnologia de ponta, a Escola de Beneficiamento conta com uma miniusina fabricada pela Lummus, referência mundial no setor. “Vou castigar novas variedades de algodão para ver como elas se comportam no momento do beneficiamento de modo a fazer recomendações aos produtores, visando contribuir para reduzir o índice de fibras curtas”, disse Belot, chamando atenção para as vantagens de contar com uma usina com várias possibilidades de configuração e onde é possível visualizar o fluxo do algodão à medida em que a pluma vai sendo separada do caroço.

A Escola de Beneficiamento foi criada com o objetivo de contribuir para a formação e qualificação da mão de obra utilizada nas algodoeiras e também para a realização de trabalhos de pesquisa e experimentos, com a finalidade de propor melhorias e recomendações de procedimentos para aumento da produtividade do beneficiamento, sempre com foco na qualidade. Todas essas características foram apresentadas aos participantes do workshop por Rodrigo Sperotto do IMAm, Washington Pereira, coordenador de Desenvolvimento de Produtos da Ultragaz e Giancarlo Goldoni, da Cotimes do Brasil, empresas que se uniram para desenvolver um sistema inovador de gestão de umidade, já utilizando a estrutura da nova Escola de Beneficiamento de Algodão. O controle da umidade é um dos pontos cruciais para preservar a qualidade ideal da pluma ao longo do processo.

Em outra estação, o professor Renildo Mion, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT – Campus de Rondonópolis) apresentou resultados de um estudo em que avaliou a propensão à presença de cascas de sementes de algodão (seedcoat) em diversas variedades de algodão. A contaminação da fibra com fragmentos de casca é um dos maiores problemas enfrentados pela indústria de fiação, segundo Mion. Os resultados de seu trabalho podem ser utilizados como uma ferramenta de seleção para o melhoramento genético do algodoeiro.

Na mesma estação, a equipe de laboratório e da qualidade do algodão da Santista S.A. apresentou resultados da pesquisa sobre tingimento de fibras de diferentes variedades e níveis de micronaire. Desenvolvida em parceria com o IMAmt, essa pesquisa mostrou que o micronaire da fibra associado à maturidade da planta é uma variável que interfere no produto final no que diz respeito ao tingimento dos tecidos.

Em outra estação, a equipe de Marketing e Moda da Santista S.A., empresa tradicional da indústria têxtil, mostrou aos produtores os resultados finais do trabalho iniciado por eles no campo. O tema “Aplicações do algodão, grupo do denim e grupo do workwear” foi uma oportunidade para a apresentação de novos tecidos desenvolvidos pela Santista, os chamados “tecidos sustentáveis”, em que prevalecem os cuidados com o meio ambiente no processo produtivo, e a preocupação com o conforto e bem-estar dos usuários de jeans e uniformes de trabalho (workwear). Os integrantes do grupo da Santista mostraram-se encantados com a oportunidade de conhecer as condições de produção da matéria-prima usada pela indústria e possibilidade de intercâmbio com outros agentes da cadeia produtiva do algodão.

Os participantes do VI Workshop da Qualidade do Algodão receberam um exemplar do “Manual da Qualidade da Fibra da Ampa”, lançado este ano. Ao longo da Jornada da Qualidade de Algodão, realizada na terça-feira com visitas a lavouras do Grupo Bom Futuro, à usina de beneficiamento da Cooperbem, à indústria de fiação da Cooperfibra e ao Laboratório de Classificação Tecnológica da Unicotton, e do Workshop da Qualidade, outros produtores e diretores da Ampa se uniram ao grupo de visitantes como Alessandro Polato, Sérgio De Marco, Cleto Webler e Geraldo Vígolo.

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