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Várzea Grande trocou de comando 11 vezes em seis anos

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Várzea Grande trocou de comando 11 vezes em seis anos

Lucimar Campos (DEM) é a sétima a assumir a Prefeitura de Várzea Grande em seis anos e a terceira prefeita eleita a ter o mandato cassado nesse período. A instabilidade começou em 2011, quando o então prefeito Murilo Domingos (PR) e o vice-prefeito Sebastião dos Reis Gonçalves, conhecido como Tião da Zaeli (então no PR, hoje sem partido) foram afastados pela primeira vez.

De lá para cá, foram onze mudanças no comando do município. Em uma delas, Zaeli ficou no cargo por apenas três horas. Entenda:

Adriano Carvalho/O Livre

Infográfico Várzea Grande

Gestão Murilo e Tião
Depois de se reeleger derrotando Julio Campos (DEM) nas urnas, Murilo Domingos deu início ao seu segundo mandato como prefeito em 1º de janeiro de 2009. O governo durou pouco mais de dois anos. No dia 3 de março de 2011, ele e seu vice foram afastados pela Câmara Municipal, depois de terem as contas reprovadas. Começou, então, uma guerra de liminares que durou o ano inteiro e mergulhou o município no caos político e administrativo.

Naquele dia, começou também a gestão do então presidente da Câmara, o policial civil João Madureira (PSC). Em seu governo de 43 dias, Madureira implantou uma “operação caça-fantasmas”, exonerou cerca de 400 comissionados, recontratou metade dias depois e causou muita polêmica.

No início da noite de 11 de abril, Tião da Zaeli conseguiu virar o jogo a seu favor. Com duas decisões judiciais na mão – uma anulando o processo da Câmara que afastou prefeito e vice, e outra afastando Murilo por improbidade administrativa –, ele se se tornou oficialmente prefeito. Mas não chegou sequer a sentar na cadeira. Foi novamente afastado pelos vereadores, que instalaram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) três horas depois.

Madureira passou mais três dias no cargo. Em 14 de abril, Tião conseguiu nova decisão e, finalmente, assumiu o comando do município. Durou pouco mais de duas semanas. Em 2 de maio, Murilo reverteu a situação no Tribunal de Justiça e reassumiu o cargo de prefeito. Menos de três meses depois, nova reviravolta: Murilo é novamente afastado por improbidade, e Tião assume a prefeitura no dia 27 de julho.

Em outubro de 2011, Murilo é finalmente cassado. Doze dos treze vereadores votaram pela extinção do mandato do prefeito – único a se abster foi o ex-prefeito interino, João Madureira – por ferir a lei orgânica do município. O motivo: não se desvinculou da administração das suas empresas. Pelo mesmo motivo, Tião perderia o cargo um ano depois. A denúncia de ambos também foi feita pela mesma pessoa: Antonio Carlos Kersting Roque, ex-procurador do município e ex-aliado da dupla.

Antes disso, porém, houve uma calmaria que durou mais de um ano. Para garantir a governabilidade, Tião negociou com os vereadores e cooptou mais da metade da Câmara para o recém-criado PSD. Nesse período, Zaeli até disputou a reeleição. Ficou em terceiro lugar.

Menos de um mês depois da derrota nas urnas, Tião sofreu o último revés. Ameaçado de cassação por não se desvincular de uma das suas empresas, ele decidiu renunciar em 30 de outubro, alegando que não gostaria que se repetisse “tudo o que aconteceu em 2011”. Os últimos dois meses de mandato foram cumpridos pelo presidente da Câmara, Maninho de Barros (PSD).

Secom VG

Fachada Paço Couto Magalhães

Prefeitura de Várzea Grande teve sete prefeitos nos últimos seis anos

Gestão Walace
Eleito em outubro de 2012 com 35% dos votos válidos, Walace Guimarães iniciou seu mandato como prefeito em 1º de janeiro de 2013. A cassação da chapa veio em 5 de maio de 2015. A decisão da Justiça Eleitoral foi motivada pela prática de caixa 2 na campanha eleitoral de 2012, em ação movida pelo DEM de Várzea Grande – partido da adversária Lucimar.

O juiz ainda determinou que o presidente da Câmara, Jânio Calistro (PMDB), assumisse a prefeitura e desse posse no prazo de 24 horas à segunda colocada na eleição, Lucimar Campos, que obteve 32% dos votos. Tanto Walace quanto a Câmara recorreram da decisão, sem sucesso.

O prefeito cassado ainda tentou evitar a posse da adversária e garantir a manutenção do seu grupo político, alegando que o segundo colocado não poderia assumir depois da metade do mandato. Ele dizia que o presidente da Câmara deveria assumir a prefeitura e convocar eleições indiretas para que os vereadores escolhessem um novo prefeito. A estratégia não deu certo. A posse de prefeita se concretizou na noite do dia 7 de maio.

Gestão Lucimar
O mandato-tampão de Lucimar Sacre Campos teve início em maio de 2015. Quase 10 meses depois, em 2 de março de 2016, a oposição apresentou 17 denúncias contra ela e pediu seu afastamento. Lucimar escapou por um triz. Treze vereadores votaram para afastá-la, um a menos do que os dois terços da Câmara necessários para concretizar a medida.

Uma das acusações era de que o marido da prefeita, o ex-senador Jayme Campos (DEM), havia cometido “usurpação pública” pois, mesmo sem ter cargo na administração municipal, despachava com secretários, convocava vereadores, sindicatos, deputados e até se reunia com conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), para tomar decisões administrativas.

Lucimar e Jayme se entenderam com os vereadores, venceram a crise política, e ela foi reeleita nas eleições de outubro de 2016, com 76% dos votos válidos. Em 1º de janeiro de 2017, começou seu segundo mandato.

Em 19 de junho, veio a cassação por abuso de poder, em função de gastos com publicidade acima do permitido. Lucimar e seu vice José Hazama recorreram da decisão e tiveram os primeiros recursos negados pelo mesmo juiz que cassou o diploma dos dois. Dessa vez, porém, a gestora cassada não foi retirada do cargo de imediato, e continua respondendo pela prefeitura até julgamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Como ela obteve mais de 50% dos votos, uma cassação definitiva levaria a uma eleição suplementar, pois a anulação dos votos de Lucimar anularia a eleição de 2016. Nesse caso, os várzea-grandenses teriam que voltar às urnas para escolher um novo prefeito.

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