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Sindicato suspende greve, mas promete travar batalha jurídica com hospital

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Sindicato suspende greve, mas promete travar batalha jurídica com hospital
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Em assembleia geral realizada na segunda-feira (25), servidores do Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM) decidiram suspender a greve iniciada na última sexta-feira (22). Eles atenderam uma determinação liminar da Justiça Federal, datada do sábado (23). No entanto, o sindicato da categoria diz que os trabalhadores se manterão em estado de paralisação e que já estão recorrendo da decisão.

“A direção atual do Hospital Julio Muller decidiu atacar os trabalhadores, que reivindicavam a não alteração da jornada flexível de trabalho de 30 horas para 40 horas. Nós decidimos contra-atacar, travando uma verdadeira batalha jurídica com a direção”, destacou o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da UFMT (Sintuf), Fabio Ramires.

O sindicalista também pontuou que deve protocolar no Ministério Público Federal (MPF) um estudo que comprova a viabilidade da jornada flexível de 30 horas, que até então era adotada por servidores do hospital.

Outra situação que deve ser levada ao conhecimento do MPF e do Tribunal de Contas da União (TCU) são as denúncias de que a instituição teria fechado setores como a enfermaria, a triagem e os atendimentos pré-parto, parto e pós-parto (PPP) por problemas administrativos, além da não conclusão de reformas e o fechamento de 25 leitos.

Fabio explicou que o hospital teria se utilizado do movimento grevista para anunciar o fechamento dos setores, mas que, mesmo com a greve, os locais ainda tinham cerca de 30% do quadro efetivo funcionando, o que não justificaria o encerramento das atividades. Já o fechamento de 25 leitos foi duramente criticado por Ramires.

“Em um momento como o que está vivendo Cuiabá, com o fechamento da Santa Casa, o Hospital Julio Muller fechar 25 leitos é um absurdo”, avaliou o dirigente do Sintuf.

Outra situação que o sindicato promete levar aos órgãos de controle federais é com relação à atual direção da instituição. Como se trata de uma gestão interventora, o prazo de 180 dias já terminou. “O que nós queremos são respostas. O superintendente da unidade trata-se de um cargo eletivo. Nós queremos saber se o superintendente afastado voltará ou se serão realizadas novas eleições”, completou Ramires.

Outro lado

A reportagem do LIVRE entrou em contato com a assessoria de imprensa da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), responsável pelo hospital. Sobre as acusações de que o HUJM teria se utilizado do movimento grevista para fechar setores, a assessoria informou que a denúncia não procede e explicou que mesmo com um quadro de funcionamento de 30%, o hospital analisou os impactos que a greve poderia causar para a cobertura de escalas de trabalho.

Pontuou ainda que foram fechados, sim, temporariamente, o setor de Ginecologia e Obstetrícia, por estar com lotação máxima desde sexta-feira (18) e, consequentemente, a UTI Neo-Natal também, que também está lotada.

Sobre as reformas inacabadas, a assessoria informou que existem várias acontecendo no hospital. No entanto, explicou que a maioria acontece de forma lenta, devido ao fato de haver pessoas trabalhando no mesmo ambiente enquanto as obras ocorrem. Pontuou ainda que não seria possível fechar clínicas e setores inteiros para reformar os espaços já que a gestão preza pela continuidade dos serviços hospitalares.

Sobre a denúncia da gestão interventora, a UFMT esclareceu que a intervenção do hospital ocorreu após o superintendente ser exonerado do cargo devido a denúncias sobre problemas administrativos, que ocorreu em setembro de 2018. Informou ainda que o prazo de 180 dias que já teria vencido, de acordo com o sindicato, não se dá por prazo e sim por necessidade de manutenção dos serviços ofertados pelo hospital.

Atualmente, a gestão interventora é feita por meio de um contrato de “gestão especial” celebrado entre a universidade e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). De acordo com uma cláusula contratual, a indicação do cargo é de prerrogativa da Reitoria da UFMT.

“Vale ressaltar que a ação judicial não é HUJM contra o Sindicato, mas sim em favor da manutenção dos serviços de saúde prestados à população, que neste momento encontra-se fragilizada pelo fato de termos um hospital recém fechado em nosso município”, disse ainda a assessoria da UFMT.

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