O servidor da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) Brunno César de Paula Caldas teria recebido dois carros de luxo em troca das fraudes no sistema de Cadastro Ambiental Rural (Simcar) do órgão. A informação consta na denúncia feita pelo Ministério Público do Estado (MPE) ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso, no âmbito da operação Polygonum.
Conforme as investigações, Brunno trabalhava diretamente para João Dias Filho, que teria sido indicado pelo então secretário de Meio Ambiente, André Baby, para ser superintendente de Regularização e Monitoramento Ambiental. Ao assumir o cargo, João Dias, segundo as investigações, teria começado a interferir diretamente nas atividades dos analistas do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
No suposto esquema, Brunno teria atuado como intermediário entre os proprietários dos imóveis rurais e os analistas da Sema. Segundo o MPE, “sua conduta criminosa ficou demonstrada diante da ingerência ao aprovar ilegalmente alguns CARs da Fazenda Alvorada III”.
Pelo trabalho, contratado pelo administrador de fazendas Márcio José Dias Lopes, o servidor teria recebido agrados . “Seus serviços foram pagos por meio de pagamentos em dinheiro e transferências dos veículos Camaro e Amarok para o nome de seu pai, na tentativa de esconder o proveito obtido com a prática dos crimes”, escreveu o MPE.
Além de Brunno César, também foram citados, pelo MPE, como parte da organização criminosa os servidores Alan Richard Falcão Dias, Guilherme Augusto Ribeiro, Hiago Silva de Queiroz e João Felipe Alves de Souza. Este último, ainda segundo o MPE, teria sido contratado exclusivamente para trabalhar a mando da organização criminosa. Todos foram presos preventivamente.
Apontado nas investigações como chefe do esquema, o ex-secretário André Baby também foi alvo da operação e chegou a ser preso na noite de terça-feira (18). No entanto, por determinação da Justiça, foi colocado em liberdade na tarde de quarta-feira (19). No mesmo dia, foi exonerado.
A operação
A primeira fase da Operação Polygonum foi deflagrada pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) no dia 13 de agosto, referente a irregularidades no sistema de regularização e monitoramento de propriedades rurais e instrumentalização no Cadastro Ambiental Rural.
A segunda fase aconteceu no dia 24 do mesmo mês, quando a Dema cumpriu quatro mandados de prisão contra servidores e seis de busca e apreensão.
Na terceira fase, deflagrada no dia 3 de dezembro, foram 28 ordens judiciais, sendo 10 mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão. Teve ainda três sequestros de bens, entre eles os dois veículos de luxo pagos ao servidor Brunno César.
Já no dia 12, a quarta fase foi deflagrada, resultando em cinco mandados de prisão preventiva, contra servidores e um engenheiro. O mandado de prisão preventiva do secretário André Baby também teria sido expedido no âmbito da quarta fase. Ele, porém, foi preso apenas seis dias depois.
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