Elis Freitas
Fotógrafa Ana Boel tem parto em casa; Antonella nasceu na madrugada do domingo de Carnaval
É sábado de carnaval, e Giovanna, de três anos, está em casa, tomando açaí. “Mamãe, a Antonella me disse que já quer nascer”. Ana Boel, a mãe, acha engraçado – coisa de criança, fantasia infantil – e registra a cena em vídeo. O parto estava previsto para acontecer dali a 20 dias. Horas depois, Antonella nascia pelas mãos de Ana e do marido, Rafael de Milon, no banheiro de casa.
E essa história fica ainda melhor: Ana tornou-se fotógrafa de nascimentos há três anos e meio, quando deixou a carreira como advogada e teve a primeira filha. Passou por violência obstétrica e decidiu que seria diferente na próxima vez.
Nos últimos meses, fez cursos, leu muito e preparou o corpo. Cercou-se de doulas e escolheu um médico que respeitasse suas escolhas.
Na madrugada de domingo (26), acordou com dores. Ana ligou para o médico, que a esperaria no hospital, e para a mãe, que ficaria com Giovanna enquanto ela estivesse fora. Também chamou as doulas e uma amiga fotógrafa.
Só que Antonella tinha pressa. Rapidamente, as contrações foram ficando mais fortes e ritmadas, e a bolsa se rompeu. Com a experiência de já ter acompanhado vários partos, Ana soube que a filha nasceria ali mesmo.
Veja trecho do relato que a fotógrafa publicou no Facebook:
“Meu marido ligou de novo para minha doula, que já estava a caminho, e contou que eu estava tendo puxos. Por telefone, ela orientou que eu me posicionasse da forma em que me sentisse mais confortável. Essa orientação foi primordial pois, mesmo calma, eu já não conseguia raciocinar. Acocorei no chão e, em questão de segundos, minha filha coroou. Imediatamente meu esposo me prestou o auxílio e apoio necessário, agachando perto de mim. Era o momento de nossa filha nascer. Bebês sabem nascer. E ela nasceu sozinha, ela fez isso por mim, por nós, eu não fiz força para empurrá-la. Segurei-a no colo e apenas a recebi. Sem muita certeza do meu merecimento naquela hora, apenas agradeci a Deus. Calma. Serena. Coração contrito, leve, alma limpa. (…) Foi realmente emocionante. Divino. Surreal. Mágico. Terno. Ressignificante. Um renascimento. Reescrevi minha história”.
Elis Freitas
Na foto acima, Ana e as filhas com as doulas Maria Carolina Turim e Márcia Boel
Elis Freitas
Elis Freitas