Com a finalização das eleições para as mesas diretoras das Assembléia Legislativas, da Câmara dos Deputados e do Senado da República, chegamos ao fim do jogo eleitoral que se iniciou com as eleições de outubro do ano passado. Agora o jogo começa a ser jogado para valer.

A eleição de Davi Alcolumbre para a presidência do Senado mostrou, mesmo para os mais céticos, que, de fato, o Brasil mudou. E mudou para melhor. Até há alguns dias atrás, ninguém apostaria um pequi roído na sua vitória contra o poderoso e nefasto Renan.

Renan representava a última cabeça a ser cortada da serpente gigantesca nascida da união PT-MDB. Era a última esperança de sobrevivência da velha política do toma lá dá cá.

A mesma reação popular que, através das mídias sociais, levou Bolsonaro à presidência, voltou, agora, com força quase igual. O Brasil disse não Renan e ele sentiu o peso do quanto era repudiado, de norte a sul, pelos cidadãos brasileiros.

O mesmo Renan que ignorou uma medida do Supremo, quando o afastou da presidência do Senado, foi agora em busca de uma medida protetiva na madrugada de sábado – e conseguiu! – como prova cabal de que as nossas instituições precisam ser renovadas. Toffoli, mais uma vez, foi protagonista de uma ópera bufa tentando imiscuir-se em outro Poder para dar legalidade a um golpe previamente armado.

Renan, experiente e audacioso, destituído de seu poder, buscará agora uma janela de oportunidade para tornar-se o líder da oposição e tentar de todas as maneiras desestabilizar as grandes reformas que chegarão ao Senado. Desde 2000 que o MDB não ocupa a presidência de uma das casas legislativas, sendo, finalmente, jogado para baixo do tapete, desclassificado para comandar o jogo de poder no legislativo brasileiro.

O espetáculo da senadora Katia Abreu, totalmente descontrolada, furtando aos berros a pasta que continha as respostas às questões de ordem para seguimento da sessão, foi um espetáculo insólito. O Brasil não merecia ver naquele plenário, “crème de la crème” da representação política brasileira, algo como uma briga generalizada em uma casa de tolerância da pior qualidade.

Calheiros, quando viu que todas as suas artimanhas foram rejeitadas, viu-se obrigado, aos berros retirar a sua candidatura, saindo escorraçados, vaiado por uma maioria de senadores. Algo inimaginável no Brasil de até pouquíssimo tempo atrás.

Vale destacar que Davi Alcolumbre, membro do baixíssimo clero, senador visto como de segunda classe, agigantou-se na articulação política promovida pelo ministro Ônix Lorenzoni, Chefe da Civil, e teve a serenidade para virar o jogo, com uma inesperada vitória em primeiro turno com 42 votos.

Alcolumbre não tem experiência politica para comandar os grandes encaminhamentos de questões importantíssimas, como as grandes reformas que deverão por ele ser conduzidas. Terá, ainda, contra si uma oposição que, embora esfacelada, ainda conta com velhas raposas que tudo farão para desestabilizar o país, inclusive judicializando decisões que busquem dar a estabilidade política, econômica e social de que tanto necessitamos. Conta, entretando, com uma força tarefa compostas por senadores do mais alto gabarito que já se mobilizam para ajudá-lo, como Tasso Jereissati, Álvaro Dias, e a surpreendente Simone Tebet, decisivos na reviravolta.

Ao contrário do que muitos imaginavam, o governo Bolsonaro começa bem. Tem tudo para iniciar a grande mudança que todos esperamos. A reforma da Previdência e o pacote anticorrupção que será proposto pelo ministro Sergio Moro, que já serão encaminhados nesta semana ao Congresso. Serão as primeiras batalhas a serem vencidas e o Brasil está de olho, atento, para que a velha política não sobreviva.

Aqui, na nossa seara, a eleição de Botelho para condução por mais dois anos do legislativo estadual não surpreendeu. A surpresa ficou por conta da aprovação da Lei Orçamentária que de forma não prevista aumentou o duodécimo dos Poderes. Ou seja, exige-se sacrifício de toda a sociedade, mas não se alteram as benesses a eles dadas. Cabe, agora, ao governador Mauro Mendes, vetar esses aumentos, para dar força à imagem de não aceitar conchavos.

Não há a menor dúvida de que o Brasil respira diferente. Há um clima positivo no ar. Sabe-se que não será fácil implantar todas as mudanças necessárias, o jogo será bruto mas temos uma nova expectativa de que as transformações necessárias estão a caminho. É esperar para ver.

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*RICARTE DE FREITAS é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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