O médico Antônio Preza renunciou, na manhã desta terça-feira (29), o cargo de presidente da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, alegando impasse para liberação de recursos junto a Prefeitura de Cuiabá. Desde o ano passado uma grave crise financeira se instalou na instituição, que, ao longo dos meses, foi palco de greves e teve diversos serviços interrompidos.
Conforme o LIVRE noticiou, enfermeiros e médicos da unidade ficaram, pelo menos cinco meses sem receber salários, ao longo de 2018.
Em uma carta apresentada à diretoria nesta manhã, Preza explica que a entidade tem enfrentado “dificuldades financeiras extremas”, que seriam amenizadas com a liberação de uma emenda parlamentar de R$ 12, 4 milhões, que já se encontra no Fundo Municipal de Saúde. Conforme Preza, a Prefeitura de Cuiabá já possui o valor, mas um impasse estaria dificultando a transferência do recurso.
“No sentido de facilitar um resultado positivo quanto a liberação desses recursos, renuncio à presidência da Santa Casa, transferindo ao vice-presidente Dr. Carlos Coutinho, para que possa fazer gestão junto a municipalidade da liberação da emenda, que é fundamental para a nossa sobrevivência”, escreveu o médico.
Ao LIVRE, Preza afirmou que diversos acordos com os profissionais da unidade foram feitos contando com a liberação do montante, mas que até o momento não há previsão para ser enviado à entidade. Dessa forma, segundo ele, médicos ainda estariam sem receber desde outubro de 2018, quando foi quitada a última folha de pagamento.
Outro lado
Conforme a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a Santa Casa estaria com uma dívida de R$ 13,4 milhões em exames e cirurgias eletivas com o município. Além disso, um relatório do órgão de auditoria do SUS também teria comprovado que a entidade precisa devolver R$ 4,5 milhões recebidos de forma indevida, referentes aos leitos de retaguarda.
Ainda conforme a Prefeitura, a Santa Casa deve ainda R$ 3 milhões em empréstimos realizados nos meses de setembro e outubro de 2018. Na nota à imprensa, consta ainda que o valor cobrado pelo médico, referente a um montante de R$ 12,4 milhões, teria sido destinado, na verdade, ao custeio do atual Pronto-Socorro de Cuiabá, já que, na época da liberação, a Santa Casa não tinha saldo para receber emendas.
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