Dias depois da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal da Superintendência Federal de Agricultura (SFA-MT) ter dado parecer contrário ao plantio de soja em fevereiro – por 9 votos contra e 4 a favor, a Aprosoja se manisfestou alegando que a decisão vai contra 80% dos produtores associados a entidade.
Em nota divulgada na última segunda-feira (11), o Indea e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico destacaram que os pesquisadores que fazem parte do CDSV-MT afirmam que “faltam dados científicos para a liberação do plantio da oleaginosa e a alteração do calendário poderia colocar em risco a principal commodity agrícola do estado”.
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Segundo a Aprosoja, a decisão contraria mais de 5,5 mil associados e esta, segundo a Associação, não seria a primeira vez que o Estado “não leva em consideração os anseios e estudos técnicos apresentados pela entidade”, diz trecho.
Entre os estudos citados pela Associação, estariam os levantamentos feitos pelo consultor da entidade Wanderlei Dias Guerra. Durante reunião, o pesquisador destacou que a proposta é uma fuga do hospedeiro da ferrugem, em um ambiente/período onde a pressão ao fungo seria menor.
Na ocasião, Guerra alertou que o plantio em dezembro estaria acelerando a indução de resistência da ferrugem aos fungicidas existentes hoje no mercado. “A proposta é eliminar um período mais grave, para permitir o plantio em um período menos grave”, disse.
Confira a nota da Aprosoja na íntegra
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) torna pública a insatisfação quanto à decisão do Governo do Estado de Mato Grosso que, por meio do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), não liberou o plantio de soja em fevereiro, conforme solicitação do setor.
A Aprosoja, que conta com mais de 5.500 associados, reforça que a decisão do Governo vai contra o pleito de mais de 80% dos produtores de soja.
Não é a primeira vez que o Governo do Estado não leva em consideração os anseios, estudos técnicos apresentados pela entidade e as necessidades do setor. No entanto, a Aprosoja reforça que continuará defendendo os interesses dos produtores de soja e milho do Estado.
Associação dos Produtores de Soja e Milho de MT
Aprosoja-MT
Proibição e multa
Em 17 de dezembro, mesma data em que a Aprosoja enviou aos associados um comunicado passando orientações e justificando o plantio das sementes em fevereiro, o Indea-MT emitiu um nota afirmando que irá manter as fiscalizações quanto ao calendário de plantio.
Conforme a nota, o descumprimento do calendário vigente que vai de 16 de setembro a 31 de dezembro, pode render multa de mais de R$ 4,1 mil mais 2 UPF/MT por hectare plantado.
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Veja a nota na íntegra
O Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA-MT) informa a sociedade mato-grossense em especial aos produtores de soja, que cumprirá com seu papel de fiscalização referente ao calendário de plantio, estipulado na Instrução Normativa Conjunta SEDEC/INDEA-MT Nº 002/2015.
Conforme a norma vigente o plantio de soja no Estado está estabelecido de 16 de setembro a 31 de dezembro de cada ano, sendo vedado inclusive o plantio de sucessão da cultura de soja sobre a cultura de soja, soja segunda safra ou safrinha na mesma área.
Esclarecemos que tal medida é de extrema importância para prevenção e controle fitossanitário da ferrugem asiática, considerando a perda de eficiência e a reduzida disponibilidade de fungicidas (ingredientes ativos) que controlam a ferrugem asiática.
O descumprimento do calendário de plantio gera ao produtor rural a sanção prevista no anexo único do Decreto Nº 1.524, de 20 de agosto de 2008, de 30 UPF/MT acrescido de 2 UPF/MT por hectare plantado.