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Organização Mundial reconhece Brasil como zona livre de febre aftosa

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Organização Mundial reconhece Brasil como zona livre de febre aftosa
Crédito: Werther Santana/ Estadão Conteúdo/AE

“O Brasil está livre da febre aftosa”. As palavras são do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP), durante a assembleia geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A entidade internacional reconheceu as últimas quatro áreas do país que ainda não tinham obtido o certificado de erradicação da doença mediante vacinação.

“O reconhecimento agora, pela OIE, do pleito brasileiro de ampliação da zona livre de febre aftosa com vacinação, envolvendo os estados do Amazonas, Amapá, Roraima e parte do estado do Pará, completa um ciclo”, disse Maggi.

Com o novo status, a previsão é de que a carne produzida no país continue avançando para novos mercados internacionais. Em 2017, a exportação do produto teve um crescimento de 8,9%, atingindo um volume de U$ 15,5 bilhões de dólares.

“O novo status sanitário concedido por esta renomada organização, representa o reconhecimento da vitória de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de pecuaristas e do setor veterinário oficial brasileiro. Motivo de muito orgulho dos brasileiros que lutaram e lutam para o bem do Brasil”, comemorou o ministro.

Maggi avaliou que o próximo passo para a produção de pecuária bovina no país deve ser a retirada gradual da vacinação, até que o Brasil esteja livre da febre aftosa sem vacina. O setor produtivo brasileiro tenta erradicar a doença desde a década de 1960, quando a febre aftosa atingiu níveis alarmantes.

Veja a nota emitida pelo ministro:

Primeiramente, gostaria de manifestar minha honra e felicidade em participar da Assembleia Geral da OIE, como Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil num momento histórico para nosso país: a esperada conquista do reconhecimento, pela OIE, da última região do Brasil como zona livre de febre aftosa com vacinação. Agora teremos, finalmente, todo o “Brasil Livre de Aftosa”.

O novo status sanitário concedido por esta renomada Organização, representa o reconhecimento da vitória de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de pecuaristas e do setor veterinário oficial brasileiro. Motivo de muito orgulho dos brasileiros que lutaram e lutam para o bem do Brasil.

Parafraseando o pensador Jean Cocteau: “Não sabendo que era impossível, nós brasileiros fomos lá e fizemos”.

Quando, no início da luta contra a febre aftosa, num país com o tamanho e as diversidades do Brasil, antigo importador de carne e leite até a década de 90, em que milhares de focos da doença acometiam nossos rebanhos todos os anos, decidiu-se erradicar uma doença da importância e gravidade da febre aftosa, e se tornar o maior exportador de carnes do mundo, muitos não acreditavam e diziam que era impossível, que nunca conseguiríamos. Mas, conseguimos!

E conseguimos graças a muito esforço, trabalho, conhecimento, dedicação e luta de gerações de técnicos, produtores rurais e gestores, sempre pautados pelos princípios, diretrizes e recomendações da OIE, da qual nos orgulhamos de ser um dos membros fundadores.

Hoje, podemos anunciar que o “Brasil está livre de Febre Aftosa” e recebe seu último certificado de zona livre de febre aftosa com vacinação da Organização Mundial de Saúde Animal, a OIE. O povo brasileiro se sente orgulhoso com essa histórica conquista. Sabemos dos desafios que temos pela frente de ampliar as nossas zonas livres de febre aftosa sem vacinação e já estamos trabalhando para isto.

O setor agropecuário brasileiro é essencial para economia do país e tem garantido resultados expressivos na balança comercial, na geração de emprego e renda, e contribuído para o controle da inflação e melhoria das condições de vida de sua população.

Em 2017, somente a pecuária representou um Valor Bruto da Produção (VBP) de 175,7 bilhões de reais. No mesmo período, apenas o complexo carnes teve um crescimento nas exportações da ordem de 8,9%, atingindo um volume de 15,5 bilhões de dólares. E ainda temos potencial para crescermos muito mais no mercado internacional, pois exportamos somente uma pequena parte da nossa produção de bovinos e suínos.

Esse crescimento das exportações brasileiras se deve, além da inquestionável qualidade e competitividade dos nossos produtos, sobretudo à melhoria da condição sanitária do rebanho nacional.

Nesse cenário, destaca-se a vitória contra a Febre Aftosa, doença que intimida a todos os países e restringe a abertura e manutenção de mercados dos produtos pecuários. A evolução na condição sanitária do controle e erradicação da febre aftosa é grande responsável pela valorização dos nossos produtos pecuários nos mais diversos mercados.

O Brasil iniciou o combate organizado à febre aftosa ainda na década de 60, por meio de campanhas de vacinação em algumas regiões. Naquela época, a doença se manifestava de forma endêmica com milhares de focos por ano. Era um verdadeiro caos sanitário. Mas, na década de 90, as estratégias de combate à doença foram alteradas, mudando-se do controle para erradicação da doença em todo o País, com a reformulação do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa – PNEFA.

Foram muitos anos de aplicação de conhecimentos e descobertas, dedicação de técnicos qualificados, muita luta de produtores rurais e empreendedores, trabalhando-se de forma coordenada e compartilhada, o Governo Federal, governos estaduais e setor privado, todos imbuídos do objetivo de tornar o Brasil livre da Febre Aftosa.

Esse processo envolveu ainda aplicação de muitos recursos, investimentos na capacidade dos serviços veterinários oficiais, na vigilância e em campanhas de vacinação.

O reconhecimento agora, pela OIE, do pleito brasileiro de ampliação da zona livre de febre aftosa com vacinação, envolvendo os estados do Amazonas, Amapá, Roraima e parte do estado do Pará, completa um ciclo.

Considero este, um momento de grande relevância. Essa conquista, cujo certificado internacional é conferido ao Brasil na 86a Sessão Geral da OIE, coroa o “Brasil Livre de Aftosa”, encerrando um ciclo de lutas e abrindo as portas para novas conquistas e desafios que virão e certamente venceremos.

Sem dúvidas, é o cumprimento de uma etapa importante e um marco histórico do processo de erradicação da doença na América do Sul, e de valorização do patrimônio pecuário nacional e regional.

Temos muito a comemorar e homenagear todos que lutaram nessa batalha. Mas o desafio não termina aqui.

Ano passado o Mapa lançou o Plano Estratégico do PNEFA para os próximos 10 anos. O Plano tem como objetivo: criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira.

Nosso novo grande desafio será enfrentar a etapa final do processo de erradicação da doença em nosso país e na América do Sul, ampliar nossas zonas livres sem vacinação, e, em especial no Brasil, alcançar a condição de PAÍS LIVRE DE FEBRE AFTOSA SEM VACINAÇÃO. Assim, esperamos seguir contribuindo com a Erradicação da Febre Aftosa no mundo e oferecendo aos mercados produtos cada vez melhores e saudáveis e contribuir para a segurança alimentar mundial.

Para isso, temos plena consciência da necessidade de fortalecermos ainda mais nossas capacidades de prevenção, vigilância e de resposta a possíveis emergências que possam ocorrer. Serão necessários muito mais investimentos no serviço veterinário brasileiro. E contamos ainda mais com a imprescindível parceria dos produtores rurais, profissionais e outros atores do setor privado. Tenho certeza que conseguiremos. Seguiremos pelo caminho da ciência, da transparência e confiança nas valiosas orientações, diretrizes e normas da OIE.

Cabe destacar que já temos o estado de Santa Catarina, reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação desde 2007 e sem vacinar desde 2000, demonstrando que somos capazes de avançar nessa mesma direção para retirada da vacinação em todo país, com a devida segurança.

Assim, termino convidando a todos os brasileiros a prestarem suas homenagens aos milhares de mulheres e homens, muitos já nem entre nós, que, com muito trabalho, honestidade e conhecimento, tornaram realidade o que parecia impossível. O Brasil está livre da febre aftosa.

Blairo Maggi

Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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