A tragédia de Brumadinho, MG, chocou o mundo. Saber que centenas de vidas foram interrompidas, em poucos minutos e por algo que poderia ser evitado, é desconcertante.
Desastres que matam centenas de pessoas de uma só vez são cruéis, principalmente, porque não permitem focar em cada vítima. As pessoas viram apenas um número, uma casualidade. Não têm rosto nem história. Tornam-se estatística.
Ainda assim, há sempre uma ou outra história que vira notícia. Fiquei comovida com a história de Fernanda Damian e Luiz Taliberti, de 30 e 31 anos, respectivamente. O jovem casal de noivos, que morava na Austrália, voltou ao Brasil para contar uma novidade à família: Fernanda estava grávida. Eles estavam hospedados numa pousada na região.
Penso em tudo o que foi interrompido. Na expectativa dos futuros pais quando planejavam o encontro com a família. Na alegria quando descobriram a gravidez, no primeiro ultrassom, na expectativa de formar uma família.
Será que Fernanda e Luiz já sabiam se teriam um menino ou uma menina? Planejavam voltar para o Brasil ou permanecer na Austrália? Quais eram os planos para o futuro? Com o que sonhavam naquele fatídico 25 de janeiro de 2019?
Dúvidas, promessas, possibilidades. Tudo acabou naquele momento em que a barragem rompeu. Os sonhos foram soterrados na lama de Brumadinho.
Os pais dos noivos nunca conhecerão aquele que seria o novo herdeiro. O casal nunca experimentará as dores e as alegrias de criar um filho. Fernanda e Luiz não envelhecerão juntos nem terão a chance de tirar uma foto da família.
Aqui, falo da história de um casal que tinha um futuro pela frente. Hoje já são mais de 115 mortos identificados. Quantos sonhos morreram por causa do descaso brasileiro? Até quando contaremos mortos e tragédias? Até quando o Brasil será sinônimo de impunidade e inconsequência?
