Não é a primeira vez que meu filho viaja com a escola. Mas, ao contrário do que deveria acontecer, sua ausência me inquieta cada vez mais.

Talvez seja a lembrança de que se aproxima do momento dele entrar na faculdade e começar a trilhar seu próprio caminho. Talvez seja apenas saudade.
Acho tudo uma contradição.
Quando pequenos, tudo o que queremos é que sejam independentes. Queremos que comam sozinhos, caminhem sem ajuda, tenham suas próprias ideias.
Quando vão ficando mais velhos, sonhamos com o contrário: que precisem mais de nós e ouçam nossos conselhos.
Se, quando começaram a estudar, adorávamos quando iam para a escola sem chorar e em busca de novos colegas, hoje agradecemos quando nos cumprimentam enquanto estão com os amigos.
Com ou sem viagem, não tenho como negar que o tempo passou.
Tento parar o relógio para continuar com a sensação de que é uma criança e ainda precisa de mim.
Suas fotos e seus telefonemas me dizem que ele está bem, obrigado. E não tem a menor vontade de parar o tempo.
Eu me lembro como se fosse hoje o primeiro dia da escola. As lágrimas nos olhos (minhas e dele), a incerteza quanto ao ambiente novo, a angústia por não saber quem seriam os amigos ou a professora.
Hoje, ele entra num ônibus para viajar com a turma do colégio sem ao menos olhar para trás. Não encontro um sinal daquele menino indefeso lá de trás.
Na verdade, ele não vê a hora de despistar a mãe para encontrar os amigos. E eu? Bem, vou me apegando às últimas horas, aos momentos preciosos que terei com ele antes dele partir para a faculdade.
Dizem que criamos os filhos para o mundo, mas tenho muita dificuldade com esse ditado. Para mim, filhos nunca deveriam estar longe de nossos braços.

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