Foi após um susto, quando sofreu um AVC em 2013, que a cabeleireira Joana D’Arc despertou para um desejo antigo: proporcionar a meninas com pouca ou nenhuma condição financeira um dia de beleza e de elevação da auto-estima. E assim nasceu o “Inspirando Sonhos”. Durante todo o ano, Joana e sua equipe de voluntários visitam os bairros que abrigam sedes do projeto Siminina e atendem em média 200 meninas por mês.
Corte de cabelo, maquiagem e penteados alegram aquelas que estão despertando para a puberdade e também as mais pequenas, que pedem para se transformar em fadas e princesas iguais as que permeiam seu imaginário. Durante os encontros, Joana também dá mini-palestras e ensina cada uma sobre como tratar e higienizar corretamente o cabelo e as unhas.
“Essas meninas dão cor à minha vida. Cada encontro com elas é um flash. Nesses cinco anos muitas delas já me deram lições que me fizeram refletir sobre o amor incondicional ao próximo. Consegue imaginar alguma menina que, prestes a completar 14 anos, decide doar seus cabelos para outras meninas que perderam o cabelo com o tratamento de câncer ? Pois é! As mocinhas do Siminina me aprontam dessas, às vezes, e preenchem meu coração; e através do Inspirando Sonhos quero tocar outras pessoas a ajudarem também”, conta Joana, emocionada.
Maria Clara, de 6 anos, e Cristine Santos, 10, são algumas das meninas que, por vontade própria, decidiram doar o cabelo. “Meu cabelo era muito grande, dava muito trabalho cuidar. Não sinto falta e fico feliz em saber que ajudei outras meninas”, disse Cristine, que abriu mão dos cabelos fartos e compridos para ajudar outras quatro meninas em tratamento de quimioterapia. Já Maria, que também doou seus cabelos, só pensava mesmo em ficar com o mesmo penteado da Cinderela. E comprovando o ditado de que criança não mente, o LIVRE registrou o momento em que Maria se olha no espelho contente com a transformação feita por Joana. Veja!
Durante o grande encontro realizado na tarde dessa segunda-feira (29) no Buffet Leila Malouf, a prefeitura reuniu as 1.100 meninas assistidas pelo projeto para comemorar o Dia da Criança. Joana e mais 30 empresas voluntárias estavam a postos. O salão principal do buffet foi tomado por brinquedos, gincanas e apresentações das próprias Simininas, com seus grupos de fanfarra, siriri e street dance.
Entre uma brincadeira e outra, as meninas corriam até a madrinha Joana – como é carinhosamente chamada por elas, para se embelezar. Gestos delicados nos cabelos e beijos no rosto entre um laço e outro mostravam a afinidade entre a cabeleireira e as crianças.
Siminina
O projeto, que existe há 21 anos, auxilia 1.100 meninas de 16 bairros de Cuiabá. Para se tornar uma “siminina” é preciso ter entre 6 e 14 anos e frequentar a escola. Durante quatro horas diárias, todas participam das mais variadas atividades. Recebem palestras preventivas e educacionais, oficinas de crochê, artesanato e aulas de teatro e dança.
Apesar do grande número de crianças, outros bairros cobram da prefeitura para que novas sedes sejam abertas. “Estamos planejando até final de novembro estender o Siminina para novos bairros da capital”, revelou Wilton Coelho Pereira, secretário de Assistência Social e Desenvolvimento de Cuiabá.
Márcia Pinheiro, primeira-dama de Cuiabá, falou sobre o acompanhamento das meninas depois que atingem a idade-limite do projeto. “Entendo que é nosso dever acompanhá-las até o inicio da fase adulta, para que se tornem meninas de bem. Após os 14 anos, a menina é direcionada a cursos de informática e incentivos para futuramente ingressarem no mercado de trabalho”, explicou.
