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Marido de médica relatou um “conto de fadas”, afirma delegado

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Marido de médica relatou um “conto de fadas”, afirma delegado
Foto: PJC

Aritony Alencar Menezes, marido da médica Letícia Bortolini, 37 anos, acusada de atropelar e matar o verdureiro Francisco Lúcio Maia, 48 anos, disse em depoimento nessa terça-feira (17) que estava dormindo no momento do acidente e só soube do fato quando a polícia chegou para prender sua esposa.

O delegado Christian Cabral, da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), ouviu Aritony e afirmou ao LIVRE que o médico foi bastante evasivo durante o depoimento, contando o que o delegado classificou como um “conto de fadas”.

No sábado (14), o médico saiu da delegacia às pressas, o que causou certa desconfiança a respeito de sua participação no acidente. Porém, ao delegado, ele disse ter ido embora porque populares o estavam constrangendo, chamando a ele e a esposa de assassinos. E, temeroso, ele teria ido embora.

O médico disse que ele e a esposa estavam no Festival Braseiro, onde chegaram por volta das 14 horas e ficaram até pouco depois das 19 horas, instantes antes do acidente, visto que o evento ficava a menos de dois quilômetros do local.

“Ele diz que bebeu três chopes lá, era um evento open food e open bar, mas não sabe dizer se a esposa bebeu, disse que ela ficou com as amigas e ele ficou para outro lado. Perguntei também se ele como médico, quando eles foram embora, conseguiu visualizar nela algum sinal de que ela estava sob efeito de álcool, ele disse que não”, disse o delegado Christian ao LIVRE.

Logo depois de sair do evento, ao entrar no carro, Aritony afirmou ter dormido.

“Ele disse que quando entrou no carro com ela para ir embora pegou no sono, cochilou e não viu nenhum acidente, nenhum atropelamento. Só foi acordar quando chegou no condomínio”, contou o delegado.

Ao descer do carro, o médico afirmou não ter visto o amassado – a lateral frontal do carro ficou destruída. Ele disse ter descido do veículo e entrado direto para casa.

Antony ainda afirmou que Letícia não falou nada e ele só ficou sabendo do acidente quando a polícia chegou ao local para prender sua esposa.

“Ai que ele, surpreso, ficou sabendo que ela tinha atropelado e matado uma pessoa. São histórias, né”, disse o delegado.

Já Letícia ficou em silêncio durante todo seu depoimento, se reservando a falar somente em juízo. O delegado disse que as investigações continuam e nesta quarta-feira (18) novas imagens de câmeras de segurança serão analisadas.

O depoimento de Antony abriu uma nova linha de investigação. Caso seja provado que o médico não estava dormindo no momento do acidente, ele será indiciado por omissão de socorro.

“Já estávamos trabalhando na hipótese de eventualmente ser ele que estava dirigindo, apesar de oficialmente tudo indicar que é ela. Não tem nada que indique que seja ele, a não ser o comportamento suspeito, de sair da delegacia furtivamente, como saiu no sábado”, disse.

“Agora vamos apurar se ele estava de fato dormindo – quem está dormindo não comete nenhuma irregularidade, muito menos crime -, ou se estava acordado. Se estava acordado e não prestou socorro, pode responder por isso”.

O caso

O verdureiro Francisco Lucio Maia foi atropelado por um Jeep Compass na noite do último sábado (14), quando terminava de atravessar a Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, ao tentar subir o carrinho de verdura na calçada. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu na hora.

O casal de médicos, Letícia Bortolini e Aritony Alencar Menezes, teria fugido do local sem prestar socorro. A médica – que assumiu estar dirigindo o carro –  foi autuada por homicídio culposo e omissão de socorro. Ela acabou presa em sua residência depois de ter sido seguida por uma testemunha que presenciou o crime e informou à polícia.

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