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Mágoa do 7 a 1 afasta consumidores cuiabanos do verde e amarelo

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Mágoa do 7 a 1 afasta consumidores cuiabanos do verde e amarelo
Ramilson termina o dia com o varal cheio, sem muitos compradores (Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

De dentro dos carros que passam na movimentada avenida Carmindo de Campos, em Cuiabá, o interesse pelas camisas da Seleção Brasileira expostas na calçada se resume a um olhar furtivo. De fora, o vendedor José Rosa expõe um sorriso esbugalhado. Ele tenta atrair com sua simpatia nordestina torcedores desanimados no frio desta sexta-feira (15), a dois dias da estreia da Seleção Brasileira na Copa.

“O movimento está no máximo razoável, não vendemos muito”, comentou ele desanimado. A geografia do ponto de venda de Rosa também não ajuda. Ele estendeu o varal com os uniformes amarelos a poucos metros do Parque de Exposições Jonas Pinheiros. Ali foi montado o Fifa Fan Fast, onde os torcedores assistiram a fatídica derrota na semifinal para a Alemanha, o tenebroso 7 a 1.

José Rosa tenta ganhar os torcedores desanimados na base da simpatia (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

“Quanto mais o torcedor compra bandeira mais o torcedor se anima. Eu tenho peça de vinte e cinco reais, queria poder vender mais barato”, falou ele com um tom propagandista. Por dia, Rosa fatura R$ 150, mas o que garante mesmo o lucro, segundo ele, é a cocada. “Essa é a primeira vez que vendo camisa e bandeira, não fiz em 2014, normalmente vendo só a cocada”.

Elefante branco, canarinho amarelo

A três quilômetros do ponto de Rosa, em outro ponto pouco auspicioso, o vendedor Ramilson Lima tenta a sorte nas proximidades da Arena Pantanal. Nordestino como o colega, ele tem mais tempo de experiência, são dez anos no ramo. Ramilson acumula sua saudade de 2014, quando a Copa gerou uma onda de manifestações positivas – e de vendas.

“Eu estava em Porto Alegre naquela época, na cidade de Sapiranga, por dia eu fazia quase R$ 8 mil, hoje eu faço muito menos, caiu muito em comparação com aquele ano”. Enquanto conversava com a reportagem, um casal de clientes estacionou na beira do varal onde as camisas balouçavam no vento frio.

Símbolos do Brasil e da Seleção Brasileira de futebol provocam menos interesse (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

“Não estávamos animados quando começou, animamos depois de ver alguns jogos na TV e a mídia falando sobre isso. Depois de 2014 nós ficamos sem vontade de torcer”, resumiu Eliane Lessa, que escolheu uma pequena mini camisa para comprar. O marido, Luís Carlos Lessa, complementa: “Vai perdendo o interesse né?”. A camisa vai cobrir Thor durante o torneio, nome do felpudo yorkshire do casal.

Ao contrário dos Lessas, muitos já entraram no clima faz tempo. É o caso do torcedor Luís Carlos Ferreira, que estacionou sua picape na calçada da Carmindo de Campos, onde Rosa oferece seu produto. Pergunto se ele, a exemplo do seu xará Luís Calors, também perdeu o interesse, e a resposta é firme: “Nem pensar, o brasileiro nunca perde a fé”.

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