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Imigrantes em Cuiabá, venezuelanos e haitianos são brasileiros na Copa da Rússia

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Imigrantes em Cuiabá, venezuelanos e haitianos são brasileiros na Copa da Rússia

Não foram só os brasileiros que passaram por momentos de tensão – e emoção – na manhã desta sexta-feira (22), em Cuiabá. Venezuelanos e haitianos roeram as unhas e gritaram gol como se torcessem para a Seleção do próprio país. Isso porque os hermanos ou os frèjá se mostraram quase brasileiros no futebol. Nesta segunda partida do Brasil da Copa, portanto, não seria diferente.

Quando a reportagem chegou a Pastoral do Migrante para acompanhar o jogo com os estrangeiros – os “novos cuiabanos” ou, no linguajar da terra, os “pau-rodados” – não houve dúvida de que a salinha onde se reuniram para mirar la TV seria verde e amarela, no bairro Carumbé. Mesmo em pouco número, já no início do primeiro tempo, o gol anulado revelou a grande expectativa.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Era tudo ou nada e entre expressões de sofrimento, revolta e emoção, em diferentes línguas, o fim do primeiro tempo e início do segundo deram a impressão de que os meninos do Brasil decepcionariam com mais um empate (e nenhum gol). Pipocas e risadas também vieram ao longo da partida como reação às quedas do Camisa 10, Neymar.

O primeiro gol, nos acréscimos, veio como surpresa e resultou em grande emoção; o grito ecoava na sala a cada reprodução do lance, um comportamento peculiar. E os estrangeiros foram certeiros, viria mais um. Para alegria geral e dos meninos que nem estavam ligando muito para partida e se divertiam com a bola do lado de fora.

Rosbelli Rojas, venezuelana (Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

A maioria venezuelana chegara por aqui em abril, vindos de Boa Vista (RR), principal porta de entrada dos refugiados, buscando alternativa dos altos preços dos alimentos no país. As dificuldades de acesso a emprego e saúde trouxeram o casal Joana e José, por exemplo, que não havia saído da terra natal antes.

Todos consentiram na afirmação de que torcer para o futebol brasileiro na Venezuela já é uma tradição. Mesmo com dois filhos na Costa Rica, adversária na partida, Rosbelli Rojas, 45 anos, afirmou que o coração não balançou. “Por muitos anos apoiamos o Brasil e isso não vai mudar. É o país latino-americano mais forte que já atuou na Copa do Mundo”, disse. Ela disse ter certeza de que os filhos estavam fazendo o mesmo.

“É o melhor. O mundial é do Brasil, estou falando com certeza”, concordou, categórica, Luzmar Blanco, 25 anos, também jogadora na Venezuela, mas de basquete. “Do futebol não gosto de jogar não, só de ver as seleções do Brasil e Portugal”.

Apesar da vinda para o Brasil ter sido uma das únicas oportunidades, Rojas se mostrou satisfeita de estar por aqui no dia de hoje. “É muito emocionante estar no Brasil durante um mundial, eu nunca imaginei isso. Estar cercada do sentimento brasileiro, nunca imaginei que a paixão fosse tanta”.

Emmanuel Germain (Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Diferente dos conterrâneos, que começaram o processo migratório para Cuiabá durante a Copa no Brasil, em 2014, o haitiano Emmanuel Germain, 23 anos, está aqui há apenas três semanas. Em comum com outros que comeram cabeça de pacú e por aqui ficaram, a busca por novas oportunidades.

Lá, ele conta que também trabalhou como jornalista, na área política. E como o Haiti não está na Copa da Rússia, ele afirma admiração pelos latinos: “Torcemos para duas equipes, a Argentina e o Brasil. Mas para o haitiano, o Brasil é a melhor equipe do mundo com cinco títulos”. Mas se a Seleção Brasileira for eliminada da Copa, a torcida vai para Portugal.

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