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Garoto de nove anos queima as mãos, mas salva a vizinha de incêndio

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Garoto de nove anos queima as mãos, mas salva a vizinha de incêndio

Um garotinho muito corajoso arriscou sua vida para salvar uma vizinha que teria problemas mentais. A casa da vizinha, identificada como Cleide, começou a pegar fogo na cozinha depois dela ter esquecido uma panela no fogão enquanto adormeceu no sofá.

Era meio-dia da última segunda-feira (26) quando o pequeno Gilberto Camargo Algaranha, de 9 anos, sentiu um cheiro forte de queimado. Ele assistia TV ao lado da sua mãe, na residência da família no bairro Nova Canãa, periferia de Cuiabá, e o pai descansava no cômodo ao lado.

Curioso, o menino saiu em direção à rua para ver de onde vinha o forte cheiro de queimado. Era da casa da vizinha, a quem a família sempre ajudou por se tratar de uma pessoa “especial”, que mora sozinha e conta com a solidariedade dos mais próximos.

“Ele sentiu o cheiro de queimado e se levantou. Só me lembro de ouvi-lo chamar: mamãe, vamos lá. Está pegando fogo”, contou a mãe, Helena Camargo, que atendeu prontamente ao chamado.

A dupla abriu o portão e foi direto para a cozinha, local de onde vinha a fumaça. “Nós gritamos, tentamos acordá-la, mas ela não percebeu. Ela toma remédios controlados e não viu o que estava ocorrendo em sua casa”, disse Helena.

A única saída, segundo ela, foi retirar a panela de cima do fogão e jogá-la no terreno ao lado. Precavida, pediu para que o filho ficasse na porta, enquanto ela tentava conter a situação. “Era muita fumaça e, ao sair com a panela, ele, na tentativa de me ajudar, encostou na panela. Na hora, fiquei desesperada, mas conseguimos controlar a situação”, lembrou.

Ao ver o grave ferimento na mão do filho e os gritos de dor, a mãe correu para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Morada do Ouro. Lá, contou a todos a história de heroísmo do filho.

“Ele dizia, mamãe me perdoa. Eu não vou fazer mais isso. Então, expliquei para ele que o ele fez foi uma boa ação. Que ele não tinha feito nada de errado. Que na realidade ele tinha salvado uma vida”, conta a mãe, orgulhosa.

Orgulho da família

Na UPA, Gilberto se despediu de todos como herói. Uma das profissionais que o atenderam, Suzy, utilizou o Facebook para homenageá-lo. “O menino herói, que chamou a mãe para socorrer uma mulher, mas ele me disse que foi por uma boa causa. Por amor ao próximo. Que coração bondoso ele tem”, escreveu.

Ao retornar para casa, encontrou o irmão mais velho, Gustavo, que fez o caçula chorar. “Meu herói foi fazer uma boa ação e se queimou”, bastou essa frase para que Gilberto caísse no choro, disse a mãe.

Já dona Helena é só orgulho. “Ele olhava pra mim e eu não tinha o que falar. Foi ele que percebeu e me chamou para ir socorrê-la. Foi Deus que tocou no coração dele. A Cleide não conseguiu acordar, ela poderia ter morrido sufocada ou até mesmo queimada”, lembrou a mãe.

Vizinha grata

Segundo Cleide, o pequeno Gilberto foi um anjo que apareceu em sua vida e que ele tem o dom para exercer a medicina. “Para a alegria de seus pais, em nome de Jesus, você vai estudar para ser médico”, disse a vizinha, que só ficou sabendo do ferimento do garotinho tarde da noite, quando ele retornou da UPA.

A panela teria ficado no fogo por pelo menos uma hora e secou com os ossos que Cleide colocou para cozinhar. “Fui eu quem entregou para a Cleide esses ossinhos, eles estavam guardados no meu congelador a pedido dela”, disse Helena.

Ainda, segundo a mãe do Gilberto, só o que a deixou chateada foi o fato de as pessoas na rua não terem ajudado a vizinha, que tanto precisa de atenção. “Ninguém mais ajudou. Em frente à casa dela tem um ponto de ônibus, que estava lotado na ocasião. As pessoas parecem que não têm humildade ou preocupação com outro ser humano”.

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