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Funcionários da Santa Casa se unem para que não falte comida a vigia

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Funcionários da Santa Casa se unem para que não falte comida a vigia
(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Rodrigo Coelho é um dos tantos funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá que passa por sérias dificuldades financeiras devido ao atraso salarial. Trabalhando como vigia do Pronto Atendimento Infantil, ele afirma que tem vivido dias difíceis e que só não está passando fome graças aos colegas solidários, que se uniram para dar assistência a ele e à família.

Como se já não bastasse o aperto nas despesas e as dificuldades para alimentar a família, Rodrigo foi vítima de um acidente de moto em outubro de 2017, quando saía do trabalho. Seu joelho direito foi a parte do corpo mais atingida, sofrendo 17 fraturas, como mostra a radiografia. A condutora do veículo que atingiu o vigia prestou socorro, mas pouco ajudou financeiramente, alegando não ter obrigações com Rodrigo, que dias depois receberia outra notícia desagradável: a demissão da esposa.

Radiografia da perna de Rodrigo com pinos e placas que ainda não foram removidas

Altimara Aleandra, que estava empregada há algumas semanas antes do acidente, não pode comemorar por muito tempo o novo emprego.

“Assim que seu patrão descobriu a gravidez, tratou de dar as contas para ela. Eu acidentado e sem receber. Minha esposa desempregada, grávida e nós dois com aquelas cinco crianças e mais uma que estava a caminho. Foi desesperador. Nessas horas, confesso que muita coisa negativa passou pela minha cabeça. Como eu iria deixar de dar água aos meus filhos? Teria que apelar para os gatos, tanto de água quanto de luz”, desabafou Rodrigo, com a voz embargada.

De mãos e pernas literalmente atadas para trabalhar e sustentar a esposa e os seis filhos, o vigia que trabalha há três anos no hospital, contou com a ajuda dos colegas de trabalho, em especial dona Candelária, que mobilizou a todos na Santa Casa para levar, até Rodrigo, alimentos e itens básicos.

Rodrigo com a esposa Altimara e cinco dos seis filhos do casal

“Ela é um anjo em nossas vidas. Sempre pronta a ajudar, tanto os funcionários, quanto os pacientes. Meu medo é que com essas mudanças de gestão na Santa Casa, a gente perca dona Candelária”, falou Rodrigo, referindo-se à crise pela qual passa a unidade.

Depois de quatro meses afastado, o vigia voltou às atividades. Com encurtamento de 5 centímetros na perna, Rodrigo tem dificuldade para caminhar e, aos poucos, recupera o movimento, através de fisioterapia. Ele torce para que ele e os colegas tenham dias mais tranquilos e possam levar mais dignidade as suas famílias.

“Somos trabalhadores e, debaixo de nossas asas, existem esposas, filhos e mães idosas que dependem de nós”, desabafou.

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