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“Foi com um grito que ela veio ao mundo”, diz mãe de bebê nascida aos 5 meses

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“Foi com um grito que ela veio ao mundo”, diz mãe de bebê nascida aos 5 meses
Na primeira semana, Alícia pesava pouco mais de 600 gramas. "Ela era enrugadinha", brinca a mãe(Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Celebrando os dez meses da filha, recém-completados no dia 7 de março, a estudante de engenharia, Milena Trevisan, não curtiu muito a gravidez. Não por ser indesejada, mas porque foi bastante abreviada. Aos 21 anos, ela teve um mês para assimilar que teria um bebê e de repente, já estava vivenciando a dura rotina de uma mãe com criança lutando pela vida na UTI.

Aos cinco meses de gestação, as dores do parto normal foram intensificadas pela incerteza.

“Momentos antes eu havia sido alertada pelo médico de que era bem possível que Alícia não sobrevivesse. Afinal, como me explicaram, ela teria poucas chances por ser uma prematura extrema”. Os prematuros que têm mais chance de sobreviver têm entre 30 e 32 semanas. Alícia tinha po45uco mais de 25.

“Ele disse para mim: ‘pode ser que seja um aborto. Com esse tempo, o bebê ainda não está formado. Você tem que estar preparada’. Neste momento eu já havia desmontado, chorando muito”, relembra.

“Mas foi o momento mais incrível. Quando Alícia saiu, a expectativa e o silêncio duraram uma eternidade. Ela nasceu sem respirar. Eu já me sentia arrasada, quando de repente, Alícia deu um grito. Foi um milagre”, se emociona.

Milena conta que uma enfermeira disse a ela: “mãe, qual vai ser o nome dela? Tem que ter Vitória. E assim foi: como já a chamávamos como Alícia, virou Alícia Vitória dos Santos Tavares”.

“A pele era tão fininha que deixava as veias à mostra. Ela nasceu toda enrugadinha, parecia uma velhinha”, sorri. O pulmão ainda não estava bem formado, daí, o grito ter sido uma grande manifestação de que Alícia reivindicava seu lugar no mundo.

Gravidez surpresa

Tudo corria na normalidade com o corpo de Milena. “Eu estava menstruando, mas comecei a vomitar pela manhã, só líquido. Eu achava que a gastrite estava atacada. Mas isso se tornou mais frequente e então, resolvi fazer o teste de gravidez. Deu positivo”.

Na primeira consulta, disse ao médico que chegava a sentir o bebê e o marido achou graça.  “Mas você descobriu agora, como pode?”, dizia Allan. No entanto, rapidamente tiveram a constatação de que estava grávida há 20 semanas.

Depois de tanta angústia. Agora é só alegria! (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

“Prestes a completar 26 semanas comecei a sentir cólica. Procurei na internet o que poderia ser e li algo sobre contração de treinamento. E era mesmo. Acabei indo para o hospital. Passei três dias lá perdendo muito líquido. Foi nesse tempo que já me preparava: Alícia tinha pouquíssimas chances de sobreviver”.

No terceiro dia da internação, um toque revelou que o parto seria de urgência. Em uma hora, Alícia vinha ao mundo.

“Ela nasceu com 970 gramas e 31 centímetros. Teve que ir direto para UTI. Perdeu peso rápido e chegou a pouco mais de 600 gramas. Depois de 15 dias, veio mais angústia. O rim parou de funcionar e ela inchou 2 kg. Era muito frágil, muito pequenina”.

Os médicos, permaneciam descrentes e alertavam Milena sobre os riscos, em uma espécie de preparação para o pior. Até conseguir a vaga na UTI, Alícia ainda aguentou firme por 5 horas. Não desistiria fácil.

A mamãe mostra o tamanho que Alícia tinha quando nasceu (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

“Daí foram 96 dias na UTI, na primeira internação. Vi muitas crianças sendo salvas, mas vi muitos bebês morrendo também. Era angustiante pensar que isso poderia acontecer comigo a qualquer hora”.

Mais forte, Alícia foi para casa. Mas no 29º dia, a temperatura mudou e o pequeno pulmão ainda em formação, não suportou. Ficou doente e teve que voltar ao hospital, onde permaneceu por mais 29 dias. Foram dias tortuosos para a mãe de primeira viagem.

Hoje, ela comemora a saúde da filha. “Dorme a noite toda, se alimenta bem, não tem ficado doente. A única coisa que ficou, por conta da prematuridade foi o estrabismo, mas isso a gente corrige rapidinho”.

“Eu até brinco com meu marido que quero engravidar de novo, só para sentir como é ter uma barriga”, brinca. “Não sei o que teria feito sem ele. Ele é um grande parceiro e esteve sempre presente”.

O pai, segundo Milena, já tem planos para pequena guerreira. “Ele diz que ela vai fazer jiu jitsu. Eu sinto que ela vai ser uma mulher forte e batalhadora. A vó dela já está com o propósito de contar a história dela, vai há várias igrejas e relata nossa experiência. Eu não tenho dúvidas de que foi Deus quem salvou minha filha.

Alícia já nasceu com fama de guerreira! (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

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