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Flávio Stringueta: “É melhor que seja tocado por outro delegado”

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Flávio Stringueta: “É melhor que seja tocado por outro delegado”
Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre

Na Polícia Civil desde 1999, o delegado Flávio Henrique Stringueta, 45 anos, começou a carreira em Alta Floresta (792 km de Cuiabá), passou por Lucas do Rio Verde (335 km da Capital), cidade em que nasceram seus dois filhos, foi corregedor-auxiliar e já atuou na Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz).

Com a experiência, conquistou o cargo de delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), unidade Polícia Judiciaria Civil cuja função é investigar crime organizado, extorsão mediante sequestro, roubos e furtos em instituições financeiras, roubos de defensivos agrícolas, crimes contra policiais e contra autoridades constituídas, especialmente às judiciais.

A “fama” que veio junto com o cargo acabou potencializada quando Stringueta se viu responsável pela investigação do esquema de grampos ilegais no âmbito da Polícia Militar, descoberto no governo Pedro Taques (PSDB) e do qual foram alvos membros do alto escalão do Palácio Paiaguás. Com a Operação Esdras, acabaram presos os ex-chefes da Casa Civil, Paulo Taques, e da Casa Militar, Evandro Lesco, e os ex-secretários de Segurança Pública, Rogers Jarbas, e de Justiça e Direitos Humanos, Airton Siqueira Júnior.

Hoje, ainda no GCCO, Stringueta diz que não tem mais sonhos a serem realizados na Polícia. Segundo ele, já chegou ao máximo que desejava dentro da instituição, tendo em vista o cargo na unidade de ponta. A única coisa que o delegado ainda espera é chegar à aposentadoria mantendo a imagem que as pessoas fazem dele atualmente.

Ao LIVRE, Stringueta contou, entretanto, que a carreira não foi só de glórias. Passou por vários altos e baixos, mas disse que, se tivesse que recomeçar, seria delegado de polícia do mesmo jeito. Uma profissão que ele indica a todos que cursam a faculdade de Direito.

Confira os principais trechos da entrevista:

1 – Como o senhor avalia o pacote anti-crime do ministro da Justiça Sérgio Moro? Precisa de melhorias?

Ele melhorou algumas coisas para nossa área, principalmente, naquela que diz respeito a você ter mais agilidade no encaminhamento de cabeças das facções criminosas de dentro dos presídios, para presídios federais. Vai diminuir a burocracia e facilitar. Isso eu vejo que, de alguma forma, pode tornar acéfalas as facções criminosas e melhorar o combate a esses grupos criminosos dentro dos presídios.

[Um reparo], talvez, seja o aumento da pena para a utilização de aparelhos proibidos dentro dos presídios. Hoje, o crime é muito brando e praticamente não gera medo, nem para o criminoso e nem para a pessoa que leva [o aparelho] para dentro. Isso poderia ter sido visto.

2 – Grampos: com o fim do governo Taques e do foro privilegiado dele, o senhor espera que o caso retorne para as suas mãos?

Eu acredito que não volta para mim. Houve alguns embates entre alguns investigados comigo e isso pode gerar algum tipo de suspeição na hora de fazer uma investigação. Então, para evitar qualquer risco de nulidade de atos no futuro, é melhor que seja tocado por outro delegado de polícia, em prol do sucesso da investigação.

3 – O governo do Estado vai fechar delegacias. Qual o impacto disso na corporação?

Ter delegacias abertas apenas para dizer que tem é enganar a sociedade. Você tem uma prestação de serviço ruim, uma sobrecarga de trabalho grande para quem está nessas delegacias, enquanto poderia intensificar outras unidades próximas, para fazer um atendimento mais qualificado. Eu não vejo como prejuízo para a sociedade, já que a Polícia Militar pode fazer o atendimento e sempre faz esse atendimento muito bem feito.

4 – O senhor foi eleito pelas meninas da redação do LIVRE como um dos delegados mais charmosos de Mato Grosso. É comum ser assediado? Como lida com isso? É vaidoso?

Tem que responder isso mesmo? (risos) Acredito que eu tenho uma vaidade na medida, equilibrada ao necessário. Eu não tenho mais redes sociais, não vejo mais um assédio como num passado mais distante. Quando eu tinha redes sociais havia uma exposição maior.

5 – Agora sobre o ex-secretário Rogers Jarbas: ele disse que o senhor teria forjado a Operação Querubim e contado com a ajuda das delegadas Alana Cardoso e Alessandra Saturnino. O que o senhor pode nos dizer sobre isso?

É um ato de desespero da vítima, né?! Ele talvez não conheça a investigação. Essa investigação já foi alvo de análise por outras instituições, como a Corregedoria Geral da Polícia Civil. Essa investigação que gerou a Operação Querubim está absolutamente dentro de toda a legalidade possível. Não há nenhum ato que macule, mas as vítimas têm o direito de atacar as investigações para tentar se livrar de punições. Então, não vejo essa declaração dele como nenhuma ofensa.

6 – Saidera – Naquele episódio do supermercado em que vocês se encontram. O senhor foi ameaçado pelo Jarbas? Ele contesta essa versão.

É, ali só tem uma verdade: as ações dele, vistas no vídeo, já demonstram quem está falando a verdade. A expressão corporal dele não é de quem está tendo uma conversa amigável. Volto a dizer: é um direito dele se defender e dizer que não houve ameaça. Mas a verdade é aquilo que explanei na época e está nos autos. Obviamente, vai ser analisado por pessoas isentas e elas vão chegar à conclusão que estou dizendo a verdade.

7 – Saideira, agora é verdade! O que o senhor deseja para os 300 anos de Cuiabá?

Eu gostaria que nossos políticos fossem mais atenciosos com a coisa pública, com o contribuinte, que é quem merece o retorno dos seus impostos. Gostaria de não ver mais pessoas sofrendo por falta de saúde pública ou morrendo por falta de segurança; crianças e adolescente estudando em escolas despreparadas, professores desmotivados por falta de estrutura. Eu gostaria de ver, um dia, a sociedade recebendo de volta aquilo que ela merece, diante dos altos impostos que ela vem pagando.

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