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Famílias dizem não ter sido notificadas sobre desocupação de residencial invadido

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Famílias dizem não ter sido notificadas sobre desocupação de residencial invadido
(Fotos: Ednilson Aguiar/O Livre)

O dia começou tumultuado no Residencial Nico Baracat, em Cuiabá. Entre 400 e 500 famílias estão sendo expulsas das casas que vinham ocupando há cerca de um mês.

Ao LIVRE, elas disseram não ter sido nem ao menos notificadas sobre a obrigação de desocupação e que foram pegos de surpresa com a presença da Polícia Federal, da Polícia Militar e de funcionários da Caixa Econômica Federal.

Segundo os moradores, a ordem é que eles desocupem as casas até 12 horas. “Como a gente vai sair até o meia-dia, se não temos para onde ir?”, disse uma moradora que não quis se identificar.

O advogado que representa as famílias esteve no Residencial até agora há pouco. Os moradores afirmam que ele não os havia avisado sobre a desocupação. Mais de 50 pessoas foram para cima do advogado, que, temeroso de ver os moradores com ânimos alterados, entrou em seu carro e deixou o local.

Algumas famílias já desocuparam o residencial. Dezenas de carros são vistos saindo carregados de móveis e eletrodomésticos.

Exaltados, alguns moradores ameaçam a imprensa. Afirmam que os repórteres estão se referindo a eles de forma pejorativa.

O conjunto habitacional foi construído por meio do programa “Minha Casa Minha Vida”, do governo federal – mas há quatro anos as casas não são entregues por desentendimentos entre construtora, União, Governo do Estado e Prefeitura de Cuiabá em relação à conclusão da obra e sorteio de famílias a serem beneficiadas.

O gerente regional da Caixa, José Luiz Dias, disse que quem não sair até as 12 horas terá seus móveis levados por um caminhão contratado pela Caixa Econômica Federal.

Os móveis serão levados para um galpão no Bairro Tijucal. Todos os moradores receberam uma notificação com o endereço do galpão e terão 60 dias para retirar os móveis de lá.

“O caminho é a família buscar a prefeitura e se cadastrar para ser indicada para conseguir uma casa no residencial”, disse o gerente regional.

Segundo José Luiz Dias, o residencial estava quase pronto para ser entregue e, por causa da invasão, demorará cerca de mais dois meses para que as mais de 1.200 famílias cadastradas possam receber as casas, que foram depredadas e precisarão passar por reparo.

“Talvez algumas dessas famílias até estejam cadastradas para receber essas casas, mas tem o jeito certo, não é simplesmente entrar na residência”, disse José Luiz.

“Tolerância zero”

A desocupação começou às 5 horas desta quarta- feira (23). O secretário municipal de Habitação, Air Praeiro, está no residencial e disse que a secretaria vem acompanhando a associação formada pelas famílias que invadiram o Nico Baracat.

“Existem pessoas que têm necessidade de estar em políticas habitacionais, assim como tem muito aproveitador. Nosso corpo técnico de assistência social esteve aqui e identificou inclusive oferta de venda de casas, em veículos de comunicação. Vamos ter que separar o joio do trigo, as pessoas que possivelmente se encontram em manifesto estão em vulnerabilidade, é evidente que o prefeito [Emanuel Pinheiro] determinou que se desse uma atenção maior a essas famílias”, disse o secretário.

O secretário afirmou que embora haja a preocupação com essas famílias, a prefeitura não pode aceitar a invasão, se não estaria aceitando que é só invadir que a prefeitura resolve o problema.

“Não é assim. E as pessoas que já estão cadastradas? Elas perdem o direito em face de uma invasão? Não é justo e tão pouco aceitável”, afirmou.

Segundo o secretário, as famílias em situação de vulnerabilidade serão colocadas em programas de política habitacional, mas isso não significa que elas receberão casas. “Aliás, o lema do prefeito é ‘invasão, tolerância zero'”, afirmou.

 

 

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