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“Ele acabou com a minha família”, disse mãe de manobrista atropelado

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“Ele acabou com a minha família”, disse mãe de manobrista atropelado

Ednilson Aguiar/O Livre

Eva Orfeno da Silva

Eva Orfeno da Silva, mãe do manobrista José Antônio da Silva Alves

Após dois meses calada, a mãe do manobrista José Antônio da Silva Alves, de 23 anos, resolveu falar pela primeira vez com a imprensa. Um dia após a soltura do estudante Juliano da Costa Marques, que atropelou José em frente à Valley Pub, Eva Orfeno da Silva, de 46 anos, disse estar desacreditada da Justiça.

“Até agora eu estava tranquila, não falei com a imprensa, eu estava deixando na mão da Justiça, mas vi que aqui não tem justiça”, disse.

Em uma entrevista à equipe do LIVRE e da TV Cidade Verde/Band, nesta quarta-feira (11/10), a mãe, em meio a muitas lágrimas, disse que o rapaz “acabou com a minha família, ele acabou com a minha vida”.

Eva contou que hoje é a responsável por levar comida para dentro de casa. Vendedora ambulante, ela relatou que acorda às 5h30 da manhã e vai para a barraca, para que no fim da tarde tenha o que dar para as netas.

“A única coisa que minhas netas tinham era o José, agora nem José, nem nada”, disse.

“A única coisa que minhas netas tinham era o José, agora nem José, nem nada”

À época do atropelamento, a esposa do manobrista, Débora Alves, deu uma entrevista ao programa Pop Show, da TV Cidade Verde/Band, em que também pediu por justiça.

José deixou uma filha fruto do primeiro relacionamento, duas meninas gêmeas e Débora ainda está grávida – de quatro meses – do terceiro filho do casal.

Indignada com a soltura de Juliano, a mãe cobrou do juiz que conhecesse a atual situação da família antes de determinar que ele voltasse às ruas.

“Seu magistrado, seu juiz, por que você não vem na minha casa saber a minha situação? A situação da família do José? Saber o meu dia a dia para depois você colocar esse cara na rua? Eu não preciso de dinheiro, mas eu quero justiça”, cobrou a mãe.

Ela relatou que não consegue entender porque o rapaz está solto e muito menos se conformar com a perda do filho. “Hoje ele está ai com a família dele, e o meu José? Tá lá, nunca mais eu tive. E a justiça desse nosso país? Nada?”.

Ednilson Aguiar/O Livre

Eva Orfeno da Silva

Em meio a lágrimas, Eva relatou que não consegue aceitar a morte do filho e a soltura do acusado

E também cobrou da Justiça se Juliano estaria solto caso o policial Guilherme Ávila, que era o verdadeiro alvo do estudante, tivesse morrido no lugar do seu filho. “Será que ele ia sair daqui dois meses? Ele não ia, mas como foi um simples pai de família, um manobrista, vocês estão tratando como se fosse nada”, disse a mãe direcionando à Justiça.

Ela contou que a única coisa que a traria paz seria o juiz revogar a decisão e deixar Juliano preso até o dia do julgamento, para que nesse dia ela pudesse vê-lo pagar pelo que fez com José.

Uma das coisas que mais revoltou Eva, foi ler em uma matéria que Juliano teria oferecido vender seu carro e dar o valor para família.

“Ele quer dar um carro para a família do José? Quantos carros eu não gastei para ele se tornar o homem que estava lá na Valley? Quantos carros nós vamos ter que gastar para cuidar das filhas do José?”, indagou.

Eva fez questão de deixar claro a todo momento o quanto o filho era amado e presente em sua vida e afirmou que está muito difícil continuar sem ele.

“Um filho carinhoso, correndo atrás do objetivo dele de cuidar das filhas dele. Para mim está sendo muito difícil acordar e saber que eu tenho que viver sem o José”.

Ela disse temer que agora, solto, o rapaz faça a mesma coisa que fez com seu filho a outras pessoas. “Ele pode beber amanhã, ou depois, e matar outro trabalhador e por culpa no veículo, que foi o que ele fez”, disse.

O caso

O atropelamento ocorreu na madrugada entre os dias 06 e 07 de agosto, quando Juliano saía da boate Valley e José Antônio fazia seu turno na empresa que cuida do estacionamento no local.

Reprodução

Valley montagem atropelamento manobrista

De acordo com o Ministério Público, a confusão começou por volta das 4h20 da madrugada, quando o policial Guilherme Ávila estava saindo da boate e “avistou um grupo de pessoas arremessando garrafas de cervejas na rua”.

“Por ser policial, advertiu-os para que parassem, pois poderiam atingir e machucar as pessoas que ali transitavam, bem como danificar veículos”, informou o MP.

A promotoria afirma que Juliano se irritou com a repreensão de Guilherme e jogou o carro contra ele, atingindo o policial e o manobrista.

 

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