Unindo conhecimento teórico aos anos dedicados à prática instrumental, cada vez mais profissionais da Música têm buscado na academia uma alternativa para aprimorar seus conhecimentos. A pós-graduação surge como uma alternativa para ampliação dos conhecimentos adquiridos e das habilidades técnicas, porém, a área ainda é incipiente no Estado e os mato-grossenses apostam no novo curso de bacharelado.
“Àqueles que desejam o diploma e têm qualidade técnica e artística, eu incentivo que façam a pós-graduação no exterior. Pelo menos enquanto não tivermos pós em performance musical em Mato Grosso”, indica o professor Oliver Yatsugafu, da Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Federal de Mato Grosso (FCA/UFMT).
“O diferencial da pós-graduação e formação continuada fora do Brasil, em instituições de alta qualidade vão desde infraestrutura até corpo docente e discentes de alto nível, com os quais se tem a oportunidade de tocar conjuntamente e crescer profissionalmente”, completa.
O professor ressalta, no entanto, que a realidade ainda é árdua para os que buscam qualificação. “Além da dificuldade em se manter nestas instituições, estes profissionais que buscam a qualificação têm de passar nas provas, de conseguir bolsa e, muitas vezes, de conseguir cachês nas orquestras locais”, explica.
A UFMT não possui cursos de pós-graduação especificamente em Música. O tema é abordado no Programa de Pós-graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (PPG-ECCO), com linha de pesquisa mais próxima, a “Poéticas Contemporâneas”.
O acesso ao programa é feito a partir de processo seletivo específico do PPG-ECCO. O programa conta, segundo o relatório estatístico da UFMT, com 66 estudantes matriculados no mestrado e 40 no doutorado distribuídos em três linhas de pesquisa: “Poéticas contemporâneas”, “Epistemes contemporâneas” e “Comunicação e mediações culturais”.
Bacharelado em Música
Apesar deste cenário, o primeiro passo após a decisão de seguir profissionalmente a área, é o ingresso na graduação. Nesse sentido, a perspectiva que se apresenta na realidade estadual, é a criação dos cursos de bacharelado. “Creio que esta mudança de mentalidade está sendo construída em função do desenvolvimento do nível dos músicos de Mato Grosso”, pondera.
Hoje, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) conta com cursos de licenciatura e recentemente, também oferece bacharelado na área, com ingresso anual pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), através do Exame Nacional (Enem). Este último, é oferecido por habilitação em Regência, Clarineta, Violino, Canto, Violão e Composição, totalizando 56 vagas.
“Já temos os nossos primeiros formandos. Em breve teremos mais gente se formando no bacharelado e, sem dúvida, isso vai afetar diretamente o mercado e a exigência deste campo e do público quanto à performance de qualidade”, finaliza. Ao todo, os cursos de licenciatura e os bacharelados contam com 151 estudantes.
Segundo Oliver, diferente de outras profissões, a formação em Música começa bem antes da graduação. “Na maioria das instituições, como é o caso da UFMT, exige-se o Teste de Habilidades Específicas (THE), o que faz com que o estudante tenha maior desenvoltura técnica e vivência musical, como é o caso do bacharelado, ou uma noção básica, no caso da licenciatura”, explica.
“Para a licenciatura em música, geralmente em um ano, um candidato que nunca estudou música consegue se preparar. Entretanto para Bacharelado, cujo THE demanda maior desenvoltura técnica e vivência musical, a formação precisa começar cerca de pelo menos quatro anos antes de realizar a prova”, acrescenta.
A escolha por uma das habilitações também engloba projetos profissionais. A licenciatura prioriza o ensino nas escolas e no bacharelado, o estudante pode optar por instrumentista ou professor de instrumento na habilitação escolhida. “Nos dois casos, as graduações envolvem teoria e prática. Na licenciatura, as aulas de execução de instrumento são coletivas e mais elementares se comparadas ao bacharelado”, expõe.
“No caso da UFMT, no bacharelado, a grade curricular contém, além de aulas voltadas ao instrumento ministradas individualmente, prática orquestral e música de câmara entre as disciplinas obrigatórias. Nos dois casos, para além da teoria, exige-se dedicação aos treinos”, explica.