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Depois dos fogos…

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Depois dos fogos…
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Quando o ano começou a cidade se iluminou celebrando os novos dias. Lotamos as ruas, iluminamos as casas e a alegria tomou conta de nós. Os sorrisos estavam soltos, tomamos banho de gentileza e nos cumprimentávamos mutuamente nas ruas com facilidade e bom humor.

Novos planos, metas e promessas de mudança fizeram parte das festas numa celebração que se estendeu pela semana.

A vida depois do ano novo se emendou com as férias de verão e foi até o reinado de Momo quando enfim tudo se silenciou e o País se deu conta que o ano começou. Apesar desta não ser a realidade de todos foi o que se percebeu.

Talvez por isso encontremos quem diga com certa naturalidade que as coisas no Brasil começam, de fato, depois do Carnaval. Não é bem assim, mas fica difícil defender a produtividade e o trabalho da grande maioria quando o calendário publicado dos órgãos públicos, por exemplo, nos informa que teremos 21 dias de feriados.

Ou, quando sabendo que temos uma Copa do Mundo chegando, em pleno mês de junho, um evento mundial que altera a rotina e a alma brasileira. Logo, chegaremos em julho ainda ouvindo fogos de artifícios pipocando nas ruas.

Eu gosto de fogos, aliás gosto muito mesmo de um lindo espetáculo de fogos coloridos ou de um simples barulho comemorativo. O fato é que não podemos deixar que eles nos ensurdeçam, que contribuam para afastar a sociedade das discussões importantes e dos acontecimentos maiores que estarão ocorrendo enquanto estamos mergulhados nas festas do futebol ou de qualquer outra comemoração.

Os fogos pipocam, mas o governo, o congresso brasileiro, a máquina pública e o processo eleitoral não vão parar para vê-los.

As articulações e as votações no Congresso e nas Assembleias Legislativas seguirão acontecendo, os orçamentos públicos estarão em execução, da mesma forma a liberação de emendas parlamentares, as licitações para as obras e as compras públicas ocorrerão sem pompa e circunstância, correndo o risco enorme de não terem o acompanhamento e a discussão devida pela sociedade que tirou a fantasia de carnaval e, em seguida, vestiu a camisa de centro avante.

Enquanto ocupamos nossas mentes com outros conteúdos, esquecemos de avaliar as decisões tomadas pelos gestores, a qualidade dos serviços prestados, não acompanhamos as articulações e as alianças estabelecidas, tampouco estabelecemos os critérios para a escolha dos candidatos que serão os novos gestores de 2019.

E como recuperar o fôlego para tomar essas atitudes se a definição dos candidatos, por exemplo, ocorre em data próxima ao levantamento da taça de campão mundial?

A estratégia de dar pão e circo para o povo a fim de distraí-los das discussões relevantes infelizmente não é nova. O imperador Vespaziano que construiu o Coliseu disse à época em Roma: “Ao povo pão e circo” e foi bem-sucedido na sua estratégia. Mas isso foi em 69 d.c. e não somos romanos não é verdade?

Se entendermos desde já que as comemorações não são as únicas coisas que importam para o Brasil, talvez consigamos acompanhar os partidos e suas convenções para indicação dos candidatos às Assembleias Legislativas, Governos Estaduais, Câmara, Senado Federal e Presidência da República.

Precisamos tirar um tempo para verificar com prudência o perfil dos “futuros gestores”. Saber o que eles defendem, qual seu plano de governo, analisar se suas propostas são factíveis e a quem se destinam.

Entender suas posições frente aos assuntos relevantes para a sociedade e aplicar a ficha limpa aos pretendes. Se desejamos resultados diferentes precisamos ser agentes dessa transformação.

E, se você não acredita que sua atitude pode contribuir para uma efetiva mudança, vai aí uma dica de alguém que considero um gênio, Einstein: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”

Que os fogos não ofusquem o nosso papel na democracia, as nossas escolhas que pedem uma maior organização, reflexão e atenção para o que está acontecendo na vida política e a nossa volta.

Comemore sim, mas deixe a luz da sua consciência cidadã, brilhar!

 

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