Depoimentos prestados na manhã desta quarta-feira (06) à CPI dos Consignados, instalada na Assembleia Legislativa, revelaram casos de suicídio de servidores endividados pela contração dessa modalidade de empréstimos. A informação é do presidente da comissão, deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB).
A denúncia foi feita pelo presidente da Associação dos Cabos e Soldados, Adão Martins da Silva. “A depressão acomete boa parte das pessoas que contratam esse tipo de operação e não veem mais saída para isso. Entre os cabos e soldados, que trabalham com armas, tem caso de suicídio”, declarou o presidente.
Também prestou depoimento na manhã desta quarta-feira, o presidente da Associação dos Oficiais, tenente-coronel Lara. “Os dois presidentes que estiveram aqui hoje estão há 10 anos pagando cartão de crédito consignado e os associados estão todos na mesma situação”, pontuou Maluf.
Conforme o deputado, os sindicatos apresentaram dificuldades semelhantes, que revelam a fragilidade da relação de consumo. “Servidores contraem empréstimo sem saber o tipo, sem ter o contrato, sem assinatura. Existe possibilidade de contratação por telefone, mas é uma relação comercial muito difícil e a maioria deles não sabe o que está pagando, existe pouca transparência e quando querem o contrato precisam apelar para a justiça, o que leva meses”.
O presidente informou que os próximos sindicatos a prestarem depoimento serão dos servidores da saúde e dos professores, encerrando esta etapa da CPI. Na segunda fase, serão ouvidas as instituições financeiras que praticam a concessão de crédito consignado e na terceira etapa, o Executivo.
A CPI dos Consignados foi instalada com objetivo de analisar a legalidade das condições impostas nos contratos, se estão em conformidade com as regras do sistema nacional financeiro ou se há abuso na cobrança das taxas de juros, bem como o acesso das operadoras de crédito às informações pessoais dos servidores ativos e aposentados.
