A tragédia de Brumadinho, apesar de não ser inédita, abalou o Brasil. A de Mariana, há três anos, embora tenha causado um desastre ambiental de muito maior proporção, não chega nem perto de Brumadinho se compararmos o número de vítimas. Naquela houve 19 mortes; nesta, já são perto de 70 e aumentando, com 292 desaparecidos. O Brasil não aprendeu a lição.

Toda a legislação proposta no Congresso ficou parada ou foi arquivada: não avançou absolutamente nada, graças ao poderoso lobby das mineradoras que, pelo financiamento das campanhas eleitorais, mantiveram deputados e senadores obrigados a não votar aquilo que lhes poderia prejudicar. Triste Brasil!

Descobre-se, ainda, que há um sem-número de outras barragens, com igual ou maior perigo, que podem romper a qualquer instante e causar danos inimagináveis, piores do que terremotos e tsunamis que não atingem nosso Brasil.

Neste nosso Mato Grosso, vem a público que inúmeras barragens enfrentam os mesmos riscos, fazendo-nos reféns de uma situação que desconhecemos por completo.

Menos mal que nosso país parece estar mudando totalmente seu rumo. Agora é esperar e desejar ardentemente que providências emergenciais sejam tomadas, e a irresponsabilidade, aliada à corrupção, sejam banidas. Que principalmente os órgãos de fiscalização e controle, inclusive o Congresso Nacional, passem, doravante, a agir em conformidade ao mínimo desejável, que é a segurança dos cidadãos que residem e trabalham nas áreas de risco. Não há como não se sensibilizar e se solidarizar com as famílias atingidas e que tiveram o resto de suas vidas comprometidas pelo acontecido.

Isto posto, vale ressaltar que foi fundamental a aprovação, pela Assembléia Legislativa do Estado, do pacote de medidas encaminhado pelo governador Mauro Mendes. Agora ele já dispõe dos instrumentos necessários, embora não suficientes, para recolocar Mato Grosso nos trilhos. E colocar nos trilhos não basta. É preciso que se comece a pensar em políticas públicas que não causem um novo descarrilo.

A manutenção dos Planos de Cargos, Carreiras e salários foi mantida, bem como a da RGA não faziam parte da proposta encaminhada. Num momento de crise como este por que passamos, devem ser encarados como uma vitória pelos servidores públicos, que precisam estar atentos que não são os únicos responsáveis pela vitória nas urnas. São parte importante, sim, mas não justifica a invasão do Plenário da AL e nem colocar à mesa, neste momento, a possibilidade de uma greve geral. A contribuição deve ser de todos.

O próprio agronegócio também foi contemplado: houve ajustes nas alíquotas e sem fugir da meta da arrecadação final de R$ 1,5 bilhão para este ano. É claro que há um inconformismo. Acreditam que são eles que pagam a conta. Não contam, porém, o quanto ganharam e fizeram por merecer neste Mato Grosso.

Austeridade e clareza

Na semana que passou, vale o registro da participação brasileira em Davos. Embora o discurso do presidente não tenha empolgado, a presença de uma equipe econômica séria e comprometida, além da participação do ministro Moro, deram um exemplo de austeridade e clareza nas ações que serão tomadas, como a reforma da previdência, a ser encaminhada à Câmara dos Deputados após o inicio da Sessão Legislativa, que na verdade só começa de fato após o dia 15 de fevereiro.

Não menos importante serão as eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado, que ocorrerão na próxima sexta-feira, dia 1º de fevereiro. Rodrigo Maia, com apoio de Bolsonaro, promete tocar adiante os projetos de interesse do país e parece já ter a reeleição garantida.

O mesmo não se pode dizer de Renan Calheiros, que, se eleito, vai conspurcar não só o Senado, mas também a democracia brasileira. É triste imaginar que um criminoso como ele, que responde a 18 processos no STJ, volte a ser uma pedra no caminho para a aprovação das reformas necessárias. Vamos aguardar e torcer para que ocorra o melhor para todos nós. E o melhor, com certeza, não será com Renan.

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*RICARTE DE FREITAS é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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