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Conversa entre mãe e filho

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Conversa entre mãe e filho
Crédito: Getty Images
Só comecei a entender meus pais depois que me tornei mãe. As decisões deles, as escolhas, os erros e os acertos passaram a ter outro sentido assim que passei a ser responsável por outro ser humano. É preciso ter filhos para entender nossos pais? Claro que não. O tempo pode nos trazer outra perspectiva. A maturidade pode ser a hora certa para compreender aqueles que nos geraram.
Conversar sobre o passado e até mesmo sobre o presente pode ser libertador ou problemático. É preciso muito tato para certos tópicos. O que você perguntaria para seus pais se tivesse chance? Quais eram os dilemas deles em alguns momentos da vida? Como superaram as dificuldades? E eles? O que nos perguntariam? Quais decisões que tomamos e eles nunca entenderam?
Nem todo mundo tem o tipo de relacionamento aberto e que permite tais perguntas. Poucos têm a chance de tirar a limpo a história da família.
Pois o jornalista norte-americano Anderson Cooper conseguiu o impossível. Iniciou uma conversa franca com a mãe, de 91 anos, que resultou na publicação do livro, The Rainbow Comes and Goes. O que começou como uma simples troca de e-mails entre mãe e filho, resultou num interessante mergulho na vida dos dois — os momentos mais difíceis, os mais felizes, a angústia por trás de cada escolha.
Acompanho o trabalho de Cooper na rede de tevê CNN desde que o vi pela primeira vez na cobertura do furacão Katrina. Na Luisiana, no Iraque, no Afeganistão ou em Nova York, Cooper nunca teve medo de ir a fundo em todo tipo de assunto. Suas perguntas diretas e corajosas sempre me dão certeza de que estou diante de um jornalista de primeira grandeza.
Está certo que a história da família de Cooper daria mesmo um bom livro, mesmo que o jornalista não quisesse. Sua mãe, Glória Vanderbilt, é herdeira de uma das famílias mais ricas dos EUA e foi alvo de uma briga por sua guarda quando tinha 10 anos — a mãe e a tia paterna lutaram pela “pobre menina rica, como rotulava a mídia, porque ela receberia uma generosa herança quando completasse 21 anos. No fim, Vanderbilt viveu com a tia, casou-se com o pai de Cooper e virou uma designer famosa e requisitada no circuito da moda. Mas a vida não seria um conto de fadas. Perdeu o marido, Wyatt Cooper, aos 54 anos e, alguns anos depois, o filho mais velho, Carter, de 23 anos, que se suicidou após uma briga com uma namorada.
O livro traz relatos de superação, tanto da mãe quanto do filho. E nos faz pensar que resiliência e determinação podem mesmo ser um traço genético e passar de geração para geração.
O livro ainda não foi traduzido para o português. Ainda assim, fica a pergunta: se você pudesse refletir sobre a história da família, o que perguntaria a seus pais? E eles? O que será que gostariam de saber sobre você?

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