O jogo nacional praticamente acabou. Salve um lance inusitado, imponderável, inimaginável a ocorrer nos próximos dias, nada tirará a faixa presidencial de Bolsonaro. Não há tempo para quaisquer mudanças e o próprio PT reconhece que nada mais há para ser feito.

Vê-se, agora, o quanto se cometeu de erros: a tentativa frustrada de Lula manter-se candidato até o fim; o comando da corrida eleitoral de dentro do presídio; a escolha da vice que chegou a comungar no dia da Padroeira do Brasil numa tentativa grotesca de mostrar-se católica; a mudança de cores da campanha; a mudança do programa do partido, retirando-lhe propostas defendidas há muito tempo; o desastre da manifestação onde Cid Gomes praticamente pregou o último prego no caixão de Haddad e tantas outras agora já sem tempo para corrigir.

[featured_paragraph]A diferença é muito grande e a rejeição de Haddad, crescendo a cada dia, mostra um possível cenário de uma vitória de Bolsonaro como jamais ocorreu neste país, maior inclusive que a de Lula em 2002, com mais de 61% dos votos. Se a eleição fosse hoje, mísero meio ponto percentual daria a Bolsonaro a maior vitória da história da República.[/featured_paragraph]

Moral para exigir presença de Bolsonaro em debates é cobrar o “faça o que eu digo e não o que eu faço”: Lula, em 2006, em vantagem muito superior, recusou-se a participar deles. Não há à vista qualquer coisa que não as rochas indesviáveis que afundarão o Titanic do PT. Vai de arrasto para o fim do precipício como foram os demais partidos que não entenderam que a mudança é o desejo de uma sociedade cansada e esmagada pelo calcanhar das botas daqueles que há quase 16 anos quase conseguiram acabar com a capacidade de sonhar do povo brasileiro.

Pior do que vencer será governar. Como dar rumo a um país que precisa um giro de 180 graus na sua governança? Como fazer que as reformas necessárias sejam aprovadas por um Congresso que, apesar da limpeza nele feita, vem com novos parlamentares tão cheios de vícios como os que foram abandonados pelos seus eleitores? Essa é a grande preocupação que hoje domina a cúpula do já virtual Presidente da República.

Aqui no nosso estado, imagino, as coisas não são diferentes. Mauro Mendes entrega-se de corpo e alma à transição, liderando-a ele mesmo. Espera-se que sua arrogância e de seu vice, por todos reconhecidas, não seja empecilho para dar a Mato Grosso a realização de tudo o que foi prometido.

Taques concordou em retirar o Orçamento de 2019 da Assembleia para que possa ser refeito a quatro mãos. Graça que também lhe foi feita por Silval Barbosa, em 2014, e mal e porcamente aproveitada. Nomes começam a ser ventilados para a composição do futuro governo e outros, ainda que derrotados, sonham em conseguir uma boquinha para manter foro privilegiado e permanecer no cenário político.

Dos vitoriosos para o Congresso e Assembleia muito ainda há o que falar. Enquanto alguns comemoram vitórias incontestáveis e devem estar tentando conhecer um pouco como será esse mundo novo, outros debatem-se com suas assessorias jurídicas para não perderem nessa travessia entre a eleição, a diplomação e a posse, o troféu que sob suspeita lhes foi conferido.

A registrar: a ira jamais demonstrada pelo senador eleito Jayme Campos contra os barões e tubarões do agro negócio, clube do qual sempre fez parte e jamais criticou, nada falou durante a campanha e, ao quase ver a vitória escorrer-lhe por entre os dedos das mãos, com Carlos Fávaro fungando na sua nuca, no sprint final, achou logo um jeito de demonstrar a sua insatisfação com aqueles que não foram seus doadores de campanha. Não coloco, aqui, o mérito de se taxar ou não, coloco a forma expressada. Com cheiro de vingança.

Enquanto Gilmar Fabris luta desesperadamente para derrubar a sentença do TJ que o condenou, tornando-o ficha suja e com seus votos congelados, outros três, Nininho, Botelho e Maluf, todos conspurcados por escândalos delatados, com denúncia oferecida contra eles, que tiveram a Assembleia sob seu comando nos últimos quatros anos, articulam-se desde já para manterem o poder. Não admitirão, não importa a que custo, entregar o bastão a outros que podem mudar, definitivamente, a imagem da ALMT.

Estamos a 10 dias das eleições. Muita coisa ainda pode mudar. Não acredito, porém, que na culinária de Bolsonaro haja, ainda, algum ingrediente que possa desandar-lhe a maionese.

*Advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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