As coisas parecem que começaram a mudar, tanto em Brasília quanto aqui em Mato Grosso. As primeiras medidas anunciadas por Bolsonaro parecem ir ao encontro do desejo das pessoas que o sufragaram. Ainda há muitas cabeças batendo, fogueiras de vaidades que precisam ser apagadas, mas os resultados anunciados, como o corte radical nos ministérios, a confirmação de nomes técnicos para a futura composição de governo, a busca do tom ideal para que as conversas não pareçam e também não se tornem continuação da campanha, devolvem aos poucos o sufocado sentimento da esperança aos cidadãos.

A busca do ponto de equilíbrio – que parece ser o modelo adotado – ainda causará muitas idas e vindas e o melhor é a percepção de que nada se muda “no grito”, daí o recuo da fusão de alguns ministérios e a extinção de outros que causaram muitas discussões. Aos poucos, porém, as coisas vão se ajeitando e esse é o desejo de quase todos, exceto aqueles que continuam tentando fazer valer o toma lá dá cá e sonhando com o quanto pior, não importa a que custo para o país.

Aqui, enquanto Mauro Mendes anuncia medidas saneadoras, como a extinção de 9 secretarias, com previsão de economia de 150 milhões/ano, a demissão de 3 mil comissionados, a volta do regime de 8 horas diárias de trabalho para o servidor, além de desenhar uma gestão altamente eficiente para MT, Pedro Taques, já tido por muitos como o pior governador da história do Estado, mantém-se recluso. É refém da incompetência, dos desmandos, da arrogância que o afastou de seus mais fiéis companheiros e agora, no ocaso de seu mandato, sente o gosto amargo da bílis que domina seu paladar.

Ninguém quer perder “a boquinha”. Servidor público faz greve pelo não pagamento do RGA, reclama que a partir de janeiros terá que trabalhar mais sem ter sido consultado – é verdade! Acreditem! Como se para voltar das 6 horas atuais para as 8 que foram contratados, fosse necessário o governador pedir permissão. Chega a ser cômico, não fosse trágico.

Vale o registro da decisão do prefeito Emanuel Pinheiro, diferente dos Poderes do Estado, em não declarar ponto facultativo na sexta e na segunda, impedindo que em Cuiabá fosse concedida quase uma semana de férias aos servidores.

A impressão que nos sobra é que ninguém quer contribuir de alguma forma para que as coisas voltem ao seu eixo. Não reconhecer que Mato Grosso vive a sua pior crise é ajudar para que ela permaneça. A conta sempre será paga por todos e todos precisam, além de reconhecer este fato, estar dispostos a participar da reconstrução. É inadmissível que o atraso de salários continue. O próprio governador eleito, Mauro Mendes, já confidenciou a pessoas próximas do seu convívio que não sabe, ainda, como fará para pagar o mês de janeiro, pois dezembro já ficará para ser pago por ele. E se não vier o Fex? Aí, sim, será o desastre final.

É hora de união. Tanto Poderes, servidores públicos, entidades de classe, setores produtivos, enfim, todos aqueles que de uma forma ou de outra venham sendo beneficiado ao longo dos anos abram mão do menos para conseguir, o quanto antes, o mais. O cidadão não aguenta mais pagar a conta da irresponsabilidade de que não participou.

Pelos lados da Assembléia Legislativa, Botelho, mais uma vez, faz o papel de vassalo do governo, confirmando que aquele Poder é apenas um “puxadinho” do Poder Executivo, não levando a plenário o pedido da deputada Janaína Riva de afastar o governador por uso de caixa 2 na campanha que o levou ao Paiaguás. Na decisão, Botelho impediu a população de conhecer com clareza a posição de cada um dos deputados estaduais. Baseou-se na lei do “bom senso” e na falta de pudor.

As eleições de outubro estabeleceram um novo modelo para o Brasil, como nunca antes houvera acontecido. O povo deu um basta aos privilégios, à corrupção, à falta de políticas públicas e econômicas e sociais que atravancam nosso crescimento. Enganam-se os que acham que as mudanças devem vir de Brasília: ledo engano! Elas têm que começar a ser construídas aqui, na nossa casa, no nosso município e no nosso estado.

*RICARTE DE FREITAS é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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