Com a ausência do governador eleito Mauro Mendes, em férias em Miami, a semana política não teve, como seria normal, a especulação sobre o novo governo. O secretariado, ainda não divulgado, não tem gerado muita especulação, apenas sinais de fumaça de quem poderiam ser os titulares da Casa Civil, Fazenda e Planejamento e um ou outro nome que surge naturalmente. Espera-se para a próxima semana, com seu regresso, o aquecimento do caldeirão político com anúncio de quem serão seus comandados e medidas a serem anunciadas para enfrentar a maior crise econômico financeira já vivida pelos mato-grossenses.

 

O que já foi anunciado – redução de secretarias e cargos comissionados – já foi um alento, o que não o livra, entretanto, de buscar soluções imediatas para pagamento da folha de dezembro, além do décimo terceiro salário que não será pago aos aniversariantes de dezembro. Haverá, ainda, a necessidade de dar um “refresco” aos fornecedores que há muito tempo não sabem como solucionar seus créditos junto à SEFAZ.

 

Não repasse à Saúde, greve de fornecedores de alimentos nos presídios, recolhimento de viaturas e tantas outras mazelas já fazem parte do nosso cotidiano e, para alguns, nem escandaliza mais. É aceitação tácita do caos, pelo inconformismo que se abateu sobre a sociedade.

 

Dentre as discussões sobre como o Estado poderá sair do atoleiro, a principal delas é sobre o agronegócio que passou a ser assunto em todas as rodas. Em Audiência Pública na Assembléia Legislativa estabeleceu-se o primeiro grande debate entre os que são contra e a favor da taxação. Feitas as apresentações pelos representantes dos setores interessados e as falas, algumas exaltadas, sobressaíram-se dois pontos que muito serão debatidos daqui para frente.

De um lado, o senador eleito Jayme Campos, defendendo que o agro poderia contribuir com uma parcela de 3% sobre a soja, como já fazem os pecuaristas na venda do boi, que obrigaria, segundo ele, que os “barões e tubarões da soja” a ajudar a economia do Estado, uma vez que hoje, não pagam nada, gerando uma sonegação monumental. Tal providência geraria uma receita de 2 bilhões por ano aos cofres do Estado

 

De outro lado, o autor da realização da Audiência Pública, Deputado Estadual reeleito, Wilson Santos, que defende que adotemos a legislação aplicada em Mato Grosso do Sul, onde só podem ser exportados livre de impostos pela Lei Kandir, 50% da produção. Os outros 50% seriam comercializados no mercado interno, com previsão de arrecadação de 900 milhões de reais ano. Com o retorno de Mauro Mendes saberemos sua posição e qual será o papel desempenhado pelo Poder Legislativo, sempre omisso nas principais decisões de interesse público.

 

Já não surpreende também o deboche dos poderes constituídos ao anunciarem, como se vivêssemos em um mar de rosas, pedido de aumento de 10% nos seus duodécimos para 2019. Puro escárnio, como ao que o País assistiu assombrado o troca-troca explícito para o aumento do Judiciário, em mais de 16%, elevando o teto de vencimentos de 33 para 39 mil reais, em troca de revogar o auxílio-moradia, com um efeito cascata de quase 6 bilhões de reais ano. Pior, entidades representativas dos beneficiados já buscam alternativas de conseguir de volta o benefício.

 

Bolsonaro, do Planalto Central, surpreende a cada dia: a indicação de seus ministros confirma o que prometeu na campanha: recuperação da economia e combate desenfreado à roubalheira. Moro e Paulo Guedes dão exemplo nas indicações que comporão as suas forças-tarefa. Os que reclamam e batem bumbo contra a indicação do Chanceler, Ernesto Araújo e do Ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodrigues, são aqueles que sabem estarem sendo destruídas as últimas fortalezas do pensamento de esquerda que por tanto tempo comandou esse País.

 

Recriminar o Presidente pelos 5 ministros militares somente faria sentido se as biografias e as histórias de vida desses brasileiros não os precedesse. Se fizermos um comparativo com as estrelas dos governos do PT e PMDB com os já escolhidos, veremos que o Brasil só ganhou.

 

O principal desafio do Capitão será o enfrentamento com o Congresso. Os partidos não se conformam, ainda, que não há negociação, toma lá dá cá na divisão do Poder. Ao que estamos assistindo é um tempo novo. Um tempo jamais vivido. Um tempo que fez nascer, pelas redes sociais um novo Brasil. Será uma luta hercúlea o combate ao corporativismo e a manutenção das benesses. Caberá a Bolsonaro e aos que elegeu para governar, referendado por 55 milhões de votos, a quebra do paradigma e o encaminhamento definitivo do Brasil ao lugar de destaque que todos sonhamos. Boa sorte, Capitão!

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*Ricarte de Freitas é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

 

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